Em alusão ao Mês da Mulher, a Prefeitura de Campo Grande promoveu no Distrito de Anhanduí, a 61 Km de Capital, uma ação voltada para a conscientização da violência contra a mulher. As atividades ocorreram nesta quinta-feira (9), no pátio da UBSF Bento Assis Machado, que atende a comunidade distrital.

Maria Onara Gomes é assistente social da Unidade de Saúde e foi quem organizou a ação junto a gerência. Concursada, Onara mora em Campo Grande e todo dia percorre o trecho que soma 122/ida e volta para atender em Anhanduí. “Ao longo do tempo que trabalho aqui, percebi que a comunidade é formada em sua maioria por mulheres, muito vulnerável socialmente e que também sofre muita violência. Pensamos nesse momento para elas entenderem que existe uma rede de apoio, caso elas precisem de ajuda para sair de uma situação como essa. Nossa ideia hoje aqui foi para elas entenderem que precisam sair desse isolamento”, explica.

Cerca de 70 mulheres participaram da palestra, que ainda teve a realização de exames preventivos, testes rápidos para infecções de doenças sexualmente transmissíveis (IST) e mamografia, além de sorteio de presentes como perfumes, maquiagens, adereços de beleza, entre outros. Para garantir a privacidade de uma participante, vamos chamá-la de “Maria”. A moradora do Distrito participou da palestra dando seu depoimento pessoal como vítima da violência.

“Eu passei 10 anos morando com um homem que me agredia diariamente, de todas as formas. Quando resolvi me separar, ele me perseguia com ameaças de morte. Já levei até tijolada no rosto. Hoje tenho medidas protetivas contra ele e incentivo toda mulher a sair dessa vida. Muitas vezes, pensamos que é normal apanhar, ser xingada, humilhada, mas não é. Por isso uma ação como essa é importante, para mostrar que nem sempre estamos sós e temos a quem pedir ajuda”, conta.

A gerente da Patrulha Maria da Penha, a GCM Tatiana da Silva Lima, que na ação representou a prefeita Adriane Lopes, explicou o serviço especializado que é prestado junto a Guarda Civil Metropolitana. ““Fazemos visitas domiciliares e contatos telefônicos, assegurando uma proximidade e um cuidado com as mulheres. Garantimos que o agressor se mantenha longe da vítima, caso já haja a deflagração da medida protetiva. Realizar essa ação hoje aqui, nos aproxima de mulheres que vivem suspostamente isoladas em áreas longes da Capital. Alertamos para que em casos de violência, pode-se a denunciar as agressões pelo 180”.

A palestra foi realizada pela psicóloga da Casa da Mulher Brasileira, Rafaelle Lefraiha. “Procuramos informá-las e prepará-las para enxergarem que a violência não é somente a física, mas que pode ser executada de várias outras formas, como a psicológica e moral, sexual, econômica, social e doméstica. Encontrei aqui mulheres interessadas no assunto e algumas delas muito bem informadas, porém informação nunca é demais. É preciso sempre estar renovando esses encontros”.

Cristiane Oliveira trabalha há dois anos como manicure em Anhanduí. Participou da palestra e conta que agora vai utilizar da profissão para levar informação as clientes quando ouvir casos de violência. “Minha profissão permite que eu atenda muitas mulheres todos os dias e sempre ouço alguma coisa ou outra de agressão. Saio daqui informada para prestar ajuda com quem eu sentir que devo fazer alerta e até mesmo apoiar em um pedido de socorro. Muito importante tudo isso”, referindo a ação promovida pela Prefeitura.

Casa da Mulher Brasileira

A estrutura contempla os diversos serviços e setores necessários para que a mulher possa enfrentar a situação de violência de forma integral. Assim, oferece atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana, nos setores: recepção, acolhimento e triagem, serviço de apoio psicossocial, alojamento de passagem (para abrigamento temporário de até 48 horas, para mulheres em risco de morte), brinquedoteca (para o acolhimento de crianças de 0 a 12 anos que não estejam acompanhadas por outros adultos, enquanto a mulher é atendida) e Central de Transportes (para o deslocamento de mulheres até os serviços da rede externa, como o Instituto de Medicina e Odontologia Legal ou unidades de saúde).

Além desses serviços, a Patrulha Maria da Penha – PMP (grupo de agentes da Guarda Civil Municipal, ligado à Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), também oferece atendimento 24 horas. A Patrulha Maria da Penha, atua de forma articulada com a 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, no monitoramento das medidas protetivas de urgência, realizando visitas domiciliares às vítimas, bem como atendendo chamados de mulheres com medidas protetivas de urgência, pela Central de Atendimento, telefone 153.

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (1ª DEAM) também oferece atendimento ininterrupto a mulheres vítimas de todas as formas de violência, em articulação com os demais serviços da CMB, como forma de garantir a integralidade do atendimento.