Nesta terça-feira (21) é celebrado o Dia Nacional da Árvore e, se tem um assunto que Campo Grande domina é ser uma cidade arborizada que, inclusive, serve de exemplo para outras partes do país. Para valorizar ainda mais esse patrimônio tão rico e necessário, o projeto do Programa Reviva Campo Grande possui uma parte especial apenas para tratar do paisagismo do microcentro e da Rui Barbosa. Pensando em uma cidade para todos, a equipe de engenharia da Unidade Gestora do Programa (UGP) encontrou soluções criativas para que a acessibilidade das calçadas seja respeitada, sem que Campo Grande perca o encanto de suas árvores.

Um desses exemplos se encontra na Rua Pedro Celestino, no trecho entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e Rua Barão de Melgaço, onde, com o apoio da Agência de Transporte e Trânsito (Agetran), uma vaga de estacionamento deu lugar a um desvio do calçamento para que a construção não comprometesse a árvore, que está saudável e não tem a necessidade de ser removida, e ainda garantir a acessibilidade com a instalação do piso tátil.

Lá, o passeio público flui normalmente, até que se encontra com uma árvore, que foi plantada de forma que não deixou um espaço para o calçamento passar por atrás e é aí que entra a forma inovadora de solucionar o problema: o calçamento passa pela frente da árvore, onde antes existia uma vaga para carro. Após o desvio, o caminho volta a seguir na forma padrão.

Ainda na mesma rua, porém, no trecho que vai da Avenida Afonso Pena até a 15 de Novembro, a solução foi alargar a calçada em 50 centímetros rumo ao asfalto, evitando que mais árvores fossem derrubadas. Isso aconteceu por conta das raízes das árvores que se expandiram até o meio fio, então, para evitar a retirada delas, foi preciso aumentar o calçamento. Há trechos onde o meio-fio faz uma pequena curva que também serve para manter a raiz no lugar e a árvore saudável. Assim, aproximadamente 15 árvores deixaram de ser removidas e continuarão a dar sombra e beleza.

Joice Iahn, engenheira civil e diretora de execução de projetos da Subsecretaria de Gestão e Projetos Estratégicos (Sugepe), explica que a intenção, na medida do possível, não era retirar árvores para dar lugar a acessibilidade ou vice-versa. Portanto, com a readequação do projeto foi possível fazer as duas partes andarem em harmonia.

“Em grande parte está sendo analisado caso a caso, mas, para o trecho da Pedro Celestino, entre a Afonso Pena e a 15 de Novembro, foi pensado um projeto padrão, que acabou se encaixando em todas as árvores, e aumentamos a calçada em 50 centímetros e no restante do trecho foi apenas um pequeno desvio do meio-fio”, reforça.

Outro aspecto interessante no projeto de arborização é pensar a calçada já considerando a árvore que está plantada, proporcionando mais condições para que ela tenha uma vida mais longa e se desenvolva de forma saudável. Em todos os lugares em que existe uma árvore, a calçada foi feita de forma que um espaço largo de terra seja deixado livre, onde se formará um canteiro com flores, garantindo que as raízes não quebrem o asfalto.

Juliana Casadei, consultora ambiental do Reviva, explica que durante o processo de avaliação das árvores do microcentro e da Rui Barbosa, a maioria dos exemplares estava plantada de forma que o cimento do passeio chegava até o “pé” dela, sufocando a árvore e, muitas vezes, fazendo com que a expansão de suas raízes quebrasse o concreto.

“Isso sufoca a raiz, deixando os exemplares mais fracos e doentes. Agora, as calçadas estão sendo reconstruídas com um espaço maior para a árvore poder respirar e viver. Nesse espaço ainda terá um canteirinho para evitar que a terra fique solta e também ser um incentivo para que as pessoas cuidem”.

Ainda de acordo com a consultora, deixar um espaço mais amplo para as árvores também ajudará bastante na diminuição dos pontos de alagamento, já que a terra pode absorver a água, auxiliando na drenagem.

Todas as árvores que representam riscos para os pedestres, casas em volta ou fiação de rede elétrica foram retiradas, porém, não passam de 200 exemplares. O projeto de arborização do Reviva prevê o plantio de mais de mil mudas em todo o microcentro e Rui Barbosa.

“A ajuda das pessoas é essencial para que as plantas, inclusive as novas, possam ter uma longa vida. Uma iniciativa é a adoção da árvore pelo proprietário do imóvel, que passa a cuidar com irrigação, especialmente nos dias mais quentes, evitando que outras pessoas joguem lixo no canteiro ou perto dele”, lembra Juliana.

Ela ainda alerta que misturar a água com produtos químicos e bitucas de cigarro é altamente tóxico para a saúde da árvore, uma vez que ela absorve os componentes nocivos, principalmente quando drena a água da chuva. Além disso, pintar como tinta ou cal o caule da árvore apenas prejudica seu desenvolvimento.

Ainda não existe uma ação específica para incentivar que o morador cuide da árvore plantada pela Prefeitura em frente à sua casa, mas, é preciso lembrar que existe uma normativa municipal que obriga o cidadão a ter ao menos uma árvore na frente da residência. A Lei Complementar nº 184, de 2011, que dispõe sobre as regras do Plano Municipal de Arborização, em seu artigo 9º, ressalta que, apesar de não serem obrigados a cuidar do exemplar plantado, é exigido que ele tenha uma árvore.

Sendo assim, o caminho mais viável é adotar a árvore da frente da residência para cuidar, e ainda ajudar na preservação das demais existentes na cidade, já que os benefícios são sentidos por todos.