Imponentes e marcantes, as Figueiras (fícus microcarpa) localizadas no canteiro central da Avenida Afonso Pena acompanham a história e desenvolvimento de Campo Grande. Plantadas entre os anos de 1921 e 1923 pelo intendente Arlindo de Andrade Gomes, são parte da história e também do futuro da capital, que hoje é reconhecida mundialmente como uma “Tree City of the World”.

E para celebrar o centenário desses grandiosos exemplares, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), realiza o monitoramento e os tratos culturais mais indicados para a preservação das Figueiras.

O prefeito Marquinhos Trad, ciente da importância em preservar a arborização presente no meio urbano, destaca a parceira necessária com a população. “A administração municipal oportuniza os serviços, no entanto, precisamos do engajamento social para mantermos nossas florestas urbanas e melhorarmos cada dia mais. As Figueiras da área central nos fazem refletir sobre o quanto Campo Grande é especial pelas árvores que possui e o quão nossa cidade merece o título de Cidade Árvore do Mundo, fazendo parte da rede “Tree Cities of the World”, e nada disso seria possível sem o apoio da população”.

Para o secretário municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana, Luis Eduardo Costa, a população campo-grandense tem um olhar especial em relação à Arborização e em destaque às Figueiras da região central “Hoje nós temos a oportunidade de reviver um pouco da história de Campo Grande e a história é o resultado da nossa cultura. E essas Figueiras são também a nossa história por conta de uma série de situações, desde o plantio, os cuidados e a importância delas até hoje para a nossa qualidade de vida. São  árvores símbolo, nossas anciãs que devem receber todo o cuidado e carinho necessários. Todos devem compreender a importância da arborização urbana, fundamental para a qualidade de vida, para questões climáticas e até mesmo de drenagem, trazendo inúmeros benefícios. Essas Figueiras já são consolidadas em nossa paisagem, são memória arbórea e cultural de Campo Grande”.

Os vereadores que participaram do ato, professor Riverton e Ronilço Guerreiro, parabenizaram a administração municipal, em especial os técnicos das Semadur, que frente uma Pandemia, atuaram na linha de frente e não deixaram de prestar os serviços necessários.

Também estiveram presentes durante o evento os ex-vereadores engenheiro civil Fausto Matto Grosso e arquiteto Celso Costa. Fausto lembrou do pioneirismo do plantio “Este ato significa o esforço para a preservação das nossas árvores da Afonso Pena, uma ação tão importante quanto à do intendente e visionário de cem anos atrás que plantou e deixou esse legado”.

A superintendente de fiscalização e gestão ambiental da Semadur, bióloga Gisseli Giraldelli, pontuou a íntima relação dos seres humanos com a natureza, em especial com a arborização “Trabalhamos para sensibilizar quanto à importância das árvores na vida de todos. Necessitamos cuidar das nossas florestas urbanas porque nós precisamos muito mais das árvores do que as árvores precisam de nós. Temos o costume de enxergar o meio ambiente como algo que é alheio à nossa vida e na verdade não é. Todos estamos integrados pela questão do bem-estar coletivo. A árvore é o elemento natural, dentro da área urbana, que mais nos aproxima da condição natural que a gente precisa estar. Prestam serviços ambientais de extrema relevância, por isso é necessário sensibilizar as pessoas a apoiarem, a tratarem do assunto como algo fundamental para cidade”

Manejo das Figueiras

Desta forma, como parte das ações de manejo da arborização urbana de Campo Grande, serão realizadas novas avaliações, diagnósticos e, então o tratamento fitossanitário indicado para cada Figueira objetivando prolongar a permanência e melhores condições de vida, tendo em vista o importante papel que desempenham na arborização de Campo Grande.

Com o tomógrafo adquirido pela Semadur, que oferece melhor precisão no diagnóstico individual, é possível avaliar as condições de resistência do lenho destas árvores, como uma medida auxiliar na análise de riscos, bem como na tomada de decisões pela gestão municipal. Também será realizada a aplicação do óleo de neem, um bioprotetor natural utilizado no combate de pragas e fungos, proporcionando tratamento e maior longevidade às Figueiras.

HISTÓRIA

O intendente Arlindo de Andrade Gomes teve sua vida ligada à botânica e porque não dizer, ao paisagismo de Campo Grande. Ao adquirir uma chácara ás margens do Córrego Segredo, no lugar onde hoje está o Hospital do Câncer), iniciou o plantio de mudas de frutas, flores e diversas plantas vindas de São Paulo e até de Recife. A sua chácara era o Parque da Cidade, tal a quantidade de mudas existentes, inclusive para venda a todos os que quisessem. Suas mudas foram plantadas na cidade, nas praças, calçadas e no interior dos terrenos urbanos, dando nova vida à aridez urbana de Campo Grande.

Vendo a cidade crescer, o intendente Arlindo, vislumbra o futuro da cidade e então aprova o Código de Posturas, em abril de 1021. E uma das normas mais importantes estava relacionada com à arborização da cidade: o Código obrigava o plantio de árvores no terreno e criava condições tributárias para a sua manutenção. Para dar o exemplo, o intendente Arlindo planta as árvores do canteiro central da Av. Afonso Pena, as quais ele mesmo regava, toda tarde, ao sair do expediente.