O Programa de Inclusão ao Mercado de Trabalho (Primt), da Prefeitura de Campo Grande, está ressignificando a trajetória de milhares de trabalhadores que antes não tinham oportunidades em entrevistas de emprego. Em 2025, o programa registrou recorde no número de certificados emitidos no Ciclo Anual de Capacitação: 1.462 beneficiários concluíram os cursos, crescimento de 23% em relação a 2023.

Criado há 14 anos — inicialmente como Proinc — o Primt já atendeu cerca de 80 mil pessoas. A política pública foi estruturada com supervisão do Ministério do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho e da Prefeitura. Duas revisões legais moldaram o formato atual, estabelecido pela Lei n° 7.074/23, que define a colaboração mútua entre beneficiários e o Poder Público.

Em 2025, o programa conta com 2.050 beneficiários, número que respeita o limite de 15% do efetivo total da Prefeitura. Todos participam de capacitações com carga mínima de 80 horas/aula anuais, requisito para renovação do contrato.

Segundo o diretor-presidente da Funsat, João Henrique Lima Bezerra, a qualificação é a base da estratégia de transformação social do programa.

“A Prefeitura estende a mão, porém só dá certo se o beneficiário quiser crescer. Os cursos têm muito valor para que a pessoa encontre opções melhores de vida, especialmente em uma cidade que será remodelada com a Rota Bioceânica”, afirma.

As orientações aos participantes são conduzidas pelo professor Domínio Júnior, mestre em Liderança e autor de 20 livros sobre comportamento humano.

“O Primt é uma ponte, não uma morada. Essa oportunidade significa um estágio para uma vida melhor, e o que fará a diferença é a postura do trabalhador diante dessa chance”, ressalta.

Histórias que inspiram

A palestra “Atitudes que valorizam você” marcou o início do ciclo deste ano. Para Débora Souza Silva, 42 anos, do Coophavila, foi uma experiência transformadora.

“Gostei muito do que aprendi e espero aplicar na minha vida. Ótima experiência, assim como os cursos da Escola Funsat”, disse.

Do mesmo bairro, Jeferson Luiz Martins, 58 anos, elogia a exigência de qualificação.

“O principal é estar trabalhando. No antigo Proinc não era obrigatório fazer cursos, hoje é, e acho uma boa alternativa.”

Para Claudinei Alves de Lima, 58 anos, da Vila Bandeirantes, o programa traz alívio a quem não encontra espaço no mercado.

“Traz tranquilidade, seja pela renda, pela cesta ou pelos cursos. Com certeza auxilia bastante quem participa.”

Lucia Rocha do Nascimento, 50 anos, do Los Angeles, valoriza o conteúdo das formações.

“O trabalho na Prefeitura é bom, mas são os cursos que realmente podem mudar nossa história. Se não fosse o Primt, eu não estaria estudando.”

Após mais de 20 anos sem estudar, Maria Francisca Fleitas, 46 anos, do Caiobá, voltou à sala de aula.

“A sensação é maravilhosa. É um programa completo, voltado a melhorar as pessoas.”

Anne Duarte, 23 anos, do Paulo Coelho Machado, destaca a autoestima recuperada.

“É uma via dupla: colaboramos com a Prefeitura e recebemos cuidado. Com mais estabilidade, posso buscar vagas com calma.”

Luis Felipe Carvalho, 19 anos, do Conjunto José Abrãao, vê no Primt um impulso para iniciar a carreira.

“Mesmo vagas sem exigência de experiência são difíceis. Aqui ganho prática e melhoro o currículo com os cursos.”

Para Singrid Mariane Lima Anjos, 27 anos, do Parque do Sol, o objetivo é claro.

“Quero sair do programa melhor do que entrei, com novas experiências e mais produtividade.”

Rosidélia Alves Soares, 50 anos, das Moreninhas, afirma que o Primt devolveu sua motivação.

“Quando estamos desempregados, só pensamos na carteira assinada. Aqui voltei a acreditar em mim.”

No Aero Rancho, Leonardo Campos de Lima, 20 anos, também viu o programa como a única porta aberta.

“Procurei em várias empresas e não consegui. Agora tenho uma chance e vou valorizar.”

Para Iria Peres, 61 anos, do Universitário, que atua na Sisep, a capacitação é um diferencial.

“Mesmo quem faz serviço pesado precisa continuar aprendendo. O Primt garante isso e abre perspectivas melhores para o futuro.”

Com presença em pelo menos 60 bairros, maioria feminina entre os beneficiários (60%) e atuação em 24 secretarias municipais, o Primt também é hoje o maior fornecedor anual de alunos para a Escola Funsat — consolidando-se como política pública de inclusão e transformação social em Campo Grande.