A Prefeitura de Campo Grande e a Santa Casa entraram em um consenso durante reunião nesta quinta-feira (06), colocando fim a um impasse que durava duas semanas e, inclusive, colocava em risco o atendimento da população. A diretoria do hospital estava ameaçando parar parte dos serviços por falta de acordo quanto à assinatura de um novo convênio, prevendo o incremento de ao menos R$ 3 milhões, somados ao R$20 milhões que já são pagos mensalmente ao hospital.

0 prefeito Marquinhos Trad determinou a manutenção do contrato nos termos atuais, com os mesmos valores. Entretanto, o município passará a ter um controle maior sobre a regulação dos atendimentos, o que irá evitar que o hospital atenda um número excedente de pacientes. A decisão teve anuência do presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, que garantiu a continuidade dos atendimentos na sua integralidade, desde que a logística funcione adequadamente. Os termos do acordos devem ser publicados no Diário Oficial (Diogrande).

“Nós estamos buscando um acordo para garantir que nossa população seja atendida com qualidade. Estamos enfrentando uma dificuldade financeira muito grande e não teríamos como arcar com o aumento que era pedido. Felizmente, chegamos a um acordo e vamos trabalhar para reestruturar o nosso atendimento para não sobrecarregar também a Santa Casa e levar para lá somente aqueles pacientes que realmente não tenham condições de serem atendimentos nas nossas UPAS”, comentou o prefeito.

Antes mesmo de chegar a um acordo, o secretário de Finanças, Pedro Pedrossian Neto, fez uma breve explanação sobre a situação financeira do município, lembrando que herdou uma divida de R$ 360 milhões da gestão passada.

“Vemos que existe uma necessidade latente de investimento na saúde, mas a conta não fecha. Nós acumulamos somente neste mês de março um déficit de R$30 milhões. É preciso que se faça um ajuste nas contas para que nós possamos respirar. Na Saúde, por exemplo, nós gastamos só com folha R$ 37 milhões e grande parte deste valor são de incrementos. Mas é preciso lembrar também que nós investimos 35% do orçamento em Saúde. É bem acima do que a legislação preconiza. Portanto, nós precisamos readequar e achar maneiras de fazer mais com o mesmo”, pontuou.

O secretário de Saúde, Marcelo Vilela, ponderou que tem tomado atitudes para reduzir os gastos na pasta, principalmente com plantões, mas também lembrou da necessidade de se ter um controle mais efetivo do que é pago para os hospitais, por exemplo, que mantêm as portas do pronto-socorro abertas.

“Essa é uma medida que vai gerar, inclusive, economia para o município, além de garantir que o paciente seja atendido. Com a regulação funcionando bem nós vamos saber onde este paciente precisar ir e para onde ele está indo. Nosso desafio é reorganizar tudo isso e fortalecer as nossas dez unidades de urgência e emergência, que estarão aptas a receber os pacientes que estão indo diretamente para a Santa Casa”, disse.

A promotora de Justiça da Saúde de Campo Grande, Filomena Aparecida Depólito Fluminhan, elogiou a decisão do prefeito Marquinhos Trad, que põe fim ao impasse que poderia ser prejudicar a população.

“Eu considero essa atitude do prefeito de encontrar uma solução para este problema um ato de coragem e quero dizer que esta prefeitura tem o apoio incondicional do Ministério Público, que irá se manter vigilante, mas também apoia-lo”, finalizou.

A reunião contou com a presença do secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, do deputado estadual Paulo Siufi e vereadores Loester, Enfermeiro Fritz, Enfermeira Cida e Dr. Lívio.