O dia 2 de abril foi instituído pela ONU em 2008 como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Para lembrar a data, a Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista de Mato Grosso do Sul organizou a 1º Semana TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).

O evento tem como objetivo debater o tema, bem como falar sobre a conscientização da sociedade a respeito das pessoas com TEA e garantir e aplicabilidade de políticas públicas, inclusive com atualização da legislação.

Campo Grande tem cerca de 8 mil pessoas diagnosticadas com TEA, sendo que 367 estão matriculadas na Rede Municipal de Ensino. Os pais das crianças, que fazem parte da associação que organizaram o evento, falaram da importância do município no desenvolvimento de seus filhos.

Mãe do pequeno Arthur, de 7 anos, Andressa Albuquerque, de 26 anos, conta que o filho estudava na rede particular de ensino e ela o transferiu para o Município por oferecer um ensino mais adequado a sua necessidade.

“A escola privada não oferece a assistência que o autista precisa. Eu optei pelo município porque varias mães estavam vindo para o município por ter especialistas. Eu vim aqui na Semed recorri a uma vaga e fui prontamente atendida. A equipe especializada nos visitou e já na primeira semana enviaram um especialista porque identificaram que o estagiário não teria condições de acompanhá-lo. O desenvolvimento dele cresceu muito”.

Quem também está na Reme é o filho da Geani Maria Grando, de 47 anos . “O Erick estudou em uma escola particular no prézinho, mas a partir do momento que recebemos o diagnóstico do autismo trouxemos para o município. Conseguimos a vaga já com um professor especialista e ele está sendo atendido desde esta época. Eu avalio o ensino como muito bom, muito melhor que o ensino no privado. O que recebemos do município é o melhor e o mais adequado para os nossos filhos”, afirmou.

Aluno da Reme desde o Ceinf, Vitor Hans, 6 anos, foi diagnosticado dentro de centro infantil e de lá encaminhado para a escola. A mãe Josimara Parqualini, de 43 anos, conta que os cuidadores observaram que ele tinha um comportamento diferente e de lá foi avaliado para buscar um especialista.

“Foi onde tivemos o diagnóstico. A gente faz acompanhamento desde os 3 anos na Apae e particular, e com cinco ele foi para a Geraldo Castelo. Ele ama a escola e a educação do ensino municipal está fazendo uma grande diferença na vida do meu filho. Estou muito satisfeita”, disse.

Para o prefeito Marquinhos Trad, o mais importante é poder dar esse suporte aos pais de modo que os auxilie na educação dessas crianças especiais.

“Se nós podemos evitar ou reduzir a aflição, principalmente do coletivo, porque não plantar a semente boa desde já. Porque quando se sabe da vida de um ser humano com um transtorno ou uma deficiência o primeiro elo que se quebra é a família. Os homens já querem abandonar a sua esposa. É nossa obrigação fortalecer esses vínculos e ajudar as pessoas a se conscientizarem dessa importância trazendo o desenvolvimento para as pessoas que tem o transtorno do espectro autista”, disse.

Já a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado, pontuou que no último ano houve um avanço muito grande nesta área, mas que ainda é preciso avançar.

“Ainda nos deparamos com a questão do preconceito e isso é inaceitável. Vejo essa questão como um problema ainda a ser enfrentado. Quero parabenizar a associação, quando a Carol (presidente da associação) começou com os gêmeos na Reme, eu era diretora da escola, tivemos muitos debates, muitos aprendizados e ela viu a necessidade de expandir para que os filhos tivessem realmente um aprendizado eficiente, pois eles têm capacidade”, disse.

A Reme conta hoje com 1.860 alunos que apresentam deficiências. Destes, 367 são alunos com TEA, desde leve, moderada a grave. Para atender os alunos com deficiência, a Reme conta com 1.095 técnicos, divididos entre auxiliares pedagógicos, intérpretes, estagiários, técnicos que trabalham em diversas áreas, como os que prestam atendimento nas escolas e às famílias, além dos que atuam nas equipes voltadas às crianças autistas, com surdez e baixa visão. Ainda há os que oferecem apoio aos Ceinfs e atuam nas salas de recursos multifuncionais.

A Semed também trabalha com alfabetização em braile para os alunos com cegueira e ainda presta atendimento a 22 alunos com altas habilidades de superdotação.

Somada a essa estrutura, a Semed realiza periodicamente capacitações e formações continuadas aos profissionais como forma de atender uma das principais metas estabelecidas pela gestão que é a de oferecer instrumentos que garantam a qualidade no atendimento aos alunos e comunidade escolar.

Além da Semed, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Saúde, Subscretaria de Defesa dos Direitos Humanos e Fundação Municipal do Esporte tem em pauta programas e atividades voltadas às pessoas com deficiência.

Associação PRO D TEA

PRO D TEA MS é uma Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelas pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista de Mato Grosso do Sul, constituído inicialmente em 2015 por famílias de pessoas com diagnóstico de autismo, em mídia social eletrônica.

Em 2017 foi formalizada com corpo diretor e conselhos nos moldes de organização sem fins lucrativos, de interesse civil e coletivo com atuação e pessoas de outras classes de diagnóstico de deficiência ou incapacidades e transtornos.

Conta atualmente com 250 famílias participando das reuniões e ações que envolvem o grupo de pais e pessoas com deficiência.