Esta quinta-feira (4) vai ficar marcada na memória das cerca de 40 mulheres que integram a Cooperativa Império da Costura, a mais nova cooperativa de costureiras incubadas do Fundo de Apoio à Comunidade. Criada oficialmente nesta quinta, com direito a eleição da diretoria, a cooperativa dará início oficialmente aos trabalhos na próxima semana, depois que a nova lei do sistema de incubação do Município de Campo Grande for sancionada.

Inspirada no projeto, a nova lei dará a possibilidade para as cooperativas funcionarem dentro das incubadoras. Essa é uma das modernizações que a lei traz, além de outras novidades, como o aumento de tempo de incubação por até 5 anos, dependendo do caso. Na data também será anunciada a abertura do edital para que as cooperativas possam se inscrever e estar oficialmente funcionando dentro das incubadoras.

“Isso aqui é um sonho que nasceu no meu coração há muitos anos. Eu nem imaginava que isso se transformaria em uma cooperativa, mas eu tinha um sonho de ajudar as pessoas, de que elas reconheçam quem são, reconheçam seu potencial e isso reflita onde elas vivam. Vocês vão ser os primeiros de muitos. Tenham fé em vocês, no projeto, nas pessoas que estão por vocês. Percalços e dificuldades vão acontecer no meio do caminho, mas procurem ver que sempre têm pequenas coisas que não nos deixam desanimar”, afirmou a primeira-dama e presidente do FAC, Tatiana Trad.

Já o secretário Rodrigo Terra, da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), frisou que é muito interessante quando projetos bem-sucedidos acabam influenciando outras tomadas de decisão que são maiores, que vão influenciar outros setores.

“As incubadoras existem desde 2004, mas sem uma lei que organizasse o sistema de incubação em Campo Grande. Agora com a assinatura e a regulamentação da lei isso muda, transformando a vida de todos os envolvidos”, afirmou.

Responsável pelas cooperativas, Rafael Moya afirmou que o lançamento  é um salto de qualidade no trabalho e no processo de investimento social da Prefeitura.

“A gente está saindo de uma etapa e indo para a geração de trabalho e renda. Com esta iniciativa, estamos abrindo postos de trabalho. É uma cooperativa que promove autogestão, perspectiva de inclusão social para gerar trabalho e renda em um campo econômico que a gente vê com muitos bons olhos”, disse.

A iniciativa, inclusive, já está servindo de exemplo para outras. Está sendo discutida uma cooperativa de agricultura urbana, uma de panificação e o apoio no processo de reestruturação da cooperativa de reciclagem.

Eleita como presidente da Cooperativa Império da Costura, Alva Estela Reyz Soares fez questão de agradecer a Deus por a ter colocado lá.

“Eu não tinha essa pretensão, mas como minhas colegas de trabalho me deram apoio, fui até Deus e ele me deu o respaldo para estar aqui. Quero dizer às minhas colegas que vamos trabalhar juntas, que tudo que vocês precisarem, os obstáculos que houver, eu quero ouvir e juntos com vocês vamos resolver. Quero que sejamos realmente cooperado um com outro”, afirmou.

Para que os trabalhos se iniciem, os cooperados vão contar ainda com o apoio do Senai, que vai capacitar as cooperadas em diversos processos.

“A gente atua para ajudar a indústria na elaboração de projetos e no aumento de eficiência e estruturação dos projetos produtivos. Está previsto desde a concepção do projeto, de capacitação dos cooperados, de modelagem, ao processo produtivo. Fazer com que a produção seja a melhor possível durante a evolução desta cooperativa”, explicou Thales Maurício Fernandes Saad, gerente de gestão da Unidade do Senai Empresa, que é uma unidade de consultoria de projetos dentro do Senai.

Diretor-presidente da Fundação Social do Trabalho (Funsat), Luciano Martins, finalizou lembrando que o projeto é uma marco na história do Município.

“Estamos conseguindo enxergar um pouco mais longe, e se estamos conseguindo enxergar mais longe, é porque estamos no ombro de gigantes e isto que desejo a vocês: que sejam gigantes”, concluiu.

Como tudo começou?

Criado em 2020 com o objetivo de apoiar servidores e comunidades em geral a superar a pandemia do coronavírus e suas consequências, o Centro Emergencial de Produção de EPIs foi fundamental em um momento em que não havia materiais disponíveis no mercado. Previsto para durar os meses de maio junho e julho de 2020, o projeto se estendeu até o início de 2021, onde foram confeccionadas cerca de 700 mil máscaras durante aproximadamente 10 meses.

Passado esse período, as costureiras que eram contratadas pelo Proinc e recebiam 1 salário mínimo, mais uma cesta básica para trabalharem, viram no cooperar, uma forma de empreender e assim trabalhar de forma coletiva, democrática, inclusiva, com divisão de trabalho e ganhos que só dependem delas.

As medidas vem ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis 1 (Erradicação da Pobreza), 5 (Igualdade de Gênero), 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), 10 (Redução das Desigualdades) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis) da Agenda 2030 da ONU.