Com aulas remotas, por conta da pandemia da Covid-19, a Escola Municipal Leovegildo de Melo, localizada na área rural, há aproximadamente 30 quilômetros de Campo Grande, iniciou o ano letivo de 2021 com novos projetos pedagógicos que influenciaram na aprendizagem dos mais de 260 alunos. A preocupação é aproximar os estudantes (do grupo 4 ao 9º ano do ensino fundamental) para a prática e vivência encontrada no dia a dia a que estão habituados, já que vivem na área rural.

Um dos projetos desenvolvidos é a “horta pedagógica”, com uma nova versão a partir deste ano, além de outras atividades e parcerias. Com o projeto da horta, a expectativa é de que os alunos desenvolvam consciência ecológica de sustentabilidade e qualidade de vida, além de valorizar a realidade social no meio rural, proporcionar momentos de práticas de ciências no campo e cidadania e permitir que a aprendizagem aconteça pela descoberta.

A importância de reforçar a reflexão da ciência do campo, com os alunos, é contribuir na formação de cidadãos conscientes na preservação do ambiente e aptos a tomarem decisões nas questões ambientais.

Projetos e parcerias

Neste ano letivo, a escola terá minhocários e composteira instalados, para a utilização na horta orgânica. Outra inovação, o projeto “Pesquisadores do Campo”, é mais uma das ações colocadas em prática por meio da horta.

“Os alunos vão enviar dúvidas relacionadas ao campo. Vamos buscar respostas em instituições, a exemplo da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedesc) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)”, explica a professora Fabiane Brito, responsável pelos projetos.

O projeto ajudará o aluno que tiver vontade de criar ou de plantar a iniciar algo na propriedade rural em que vive. Para formar parcerias, será adotado o formato da pedagogia de alternância, em que o aluno terá a prática no lugar em que mora.

Na região já existe criação de peixes (apicultura), hortaliças, granjas, plantações de pimentas, queijaria, dentre outras culturas do campo. A ideia é firmar parcerias com pequenos produtores e levar os alunos, quando a aula híbrida, com atividades presenciais e remotas, for colocada em prática, para as aulas práticas nestes locais. Os parceiros serão os pais de alunos, com propriedades rurais, e outras intuições que ainda poderão ajudar no desenvolvimento técnico.

Avaliação pedagógica 

A diretora da escola, Loides Rodrigues Siqueira, ressalta a importância de realizar o projeto da horta na unidade. “Nossos alunos tinham grande defasagem nas aulas de matemática e na escrita, e nós criamos o projeto para superar essas dificuldades de aprendizado. Então eles usam o projeto para aprender”.

Para atender de forma presencial, já que o projeto é prático e conta com os alunos em todas as etapas de plantio, a diretora e a equipe técnica propuseram uma dinâmica, com respeito às normas de biossegurança, distanciamento físico e sem aglomeração. A equipe da escola faz as filmagens dos trabalhos desenvolvidos, para que os alunos acompanhem todas as etapas e ciclos do cultivo de hortaliças, tais quais o preparo da terra com arados e grades, plantio de mudas e adubação. Em seguida é enviado o material para os alunos, por meio de aplicativo de mensagens.

Depois de feitas as filmagens e fotos, a equipe da escola prepara o conteúdo, de acordo com cada disciplina e, em seguida, confecciona o material pedagógico para encaminhar aos alunos, uma vez que servirá para avaliá-los.

O projeto, que faz plantio de hortaliças de forma orgânica, também se adaptou à pandemia. Os alimentos produzidos pela comunidade escolar, os quais eram usados, frequentemente, na merenda das crianças, agora são entregues para as famílias, com o caderno de atividades.

Margarida Rodrigues, trabalhadora rural e avó da aluna Maria Eduarda Rodrigues, do 2° ano, consegue envolver a neta em pequenas atividades de plantio, fabricação de conservas e ordenha no sítio da família. “A escola tem toda a estrutura, dá amparo para as crianças. Os professores e a equipe são excelentes. Acho a ideia válida; por ser uma escola agrícola, é importante que tenha esse desempenho com a horta, para ensinar”.