As escolas da Rede Municipal de Ensino (REME) de Campo Grande, durante todo o mês de novembro, trabalham atividades voltadas ao Dia da Consciência Negra – celebrado no dia 20 de novembro.

Em diversas unidades da REME os alunos tiveram aulas de artes com confecção de bonecas abayomis e máscaras, e aula de educação física com capoeira, amarelinha africana e outros jogos tradicionais. Algumas escolas também realizaram exposições com os trabalhos de pinturas e desenhos feitos pelos alunos, além de oficinas e rodas de conversa sobre empoderamento, autoestima, cabelos (tranças, crespas, cacheadas e turbantes), música de origem africana e cinema.

A literatura também foi objeto de estudo, especialmente a obra “Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado, que exalta a beleza da protagonista –  com olhos que pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, cabelos enroladinhos e bem negros. “A valorização da cor e da raça é importante, temos que fazer este trabalho dentro da escola. A gente precisa valorizar os nossos alunos e despertar que eles se valorizem em primeiro lugar”, afirma a diretora da E.M. Professor Licurgo de Oliveira Bastos, na Vila Nasser, Claudeci de Paula de Almeida.

Algumas das atrações levadas para as escolas foi a exposição da coleção de bonecas negras que pertence à professora Eugênia Portela. As bonecas foram expostas nas escolas Licurgo e João Candido de Souza, no Jardim Anache, e ainda na Emei Tia Eva, na comunidade negra – que tem o mesmo nome – e fica no Jardim Seminário. Na EMEI também foi lançado um vídeo sobre a Eva Maria de Jesus, a tia Eva, ex-escrava que fundou a comunidade onde alguns de seus descendentes vivem atualmente.

Para os professores que desenvolvem as atividades a data é uma oportunidade de falar sobre aceitação, respeito e valorizar a cultura e as característica do povo negro. “Eu sou negra e tenho orgulho. Sei que como professora é importante passar também o reconhecimento e aceitação para os meus alunos”, explica a professora de Artes da escola João Candido, Maria Magotti.

“O turbante e a nossa cor não tem que ser motivo de vergonha e sim de exemplo e orgulho. Eu adotei o turbante no meu visual. Foi um marco de aceitação, respeito e inclusão pra mim”, afirma a aluna Rafaela Carvalho, 14 anos.

Já nas escolas que propuseram a confecção das bonecas abayomis, os alunos também aprenderam a história dela. A boneca foi criada para as crianças, jovens e adultos na época da escravidão. As mulheres negras faziam o brinquedo com pedaços de suas saias, único pano disponível nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria para todos. “Eu estudei a história e trouxe para os meus alunos do 2° ano, junto com a música massaka”, explicou a professora de Artes da E.M. Nazira Anache. “Eu gostei de aprender a fazer a boneca. E também que o respeito não tem cor”, afirmou o aluno Fernando Maldonado, 7 anos.

SEMED

Além das unidades escolares, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), realizou a palestra “Racismo Institucional”, com o objetivo de atender ao Plano Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e ao Programa Campo Grande Sem Racismo. A palestra foi ministrada pelo promotor de Justiça e coordenador-adjunto do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (NUPIER), Marcos André Cardoso.

“O racismo e outros tipos de preconceitos é provocado pela falta de respeito com o próximo. E, infelizmente, nos deparamos com situações que não devem ocorrer. O preconceito pela cor da pele, cabelo, ou orientação sexual, a descriminação racial e todas as outras, precisam acabar”, afirmou a secretária Municipal de Educação, Elza Fernandes.