Professores da Rede Municipal de Ensino (Reme), participam, nesta sexta-feira (17), no Espaço de Formação da Secretaria Municipal de Educação, do seminário “Diálogos sobre Educação Afro-Brasileira e Indígena”, com o objetivo de discutir a implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008.

O evento conta com autoridades locais e diversos palestrantes ligados à área de educação indígena e de entidades de defesa de direitos humanos, que ressaltaram a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas unidades escolares.

afro-2A proposta das palestras voltadas aos profissionais da Reme é mostrar também as ações afirmativas que favoreçam a desconstrução de estereótipos e preconceitos relacionados à população afrodescendente. As ações têm o objetivo de promover a discussão sobre a importância da efetivação destes conteúdos no contexto escolar.

O prefeito Marquinhos Trad participou da abertura do seminário e salientou que o tema deve ser discutido diariamente e que as leis devem ser mais céleres, sérias e que os debates realizados nas escolas devem gerar o respeito às diferenças.  “As leis são criadas quando os direitos são afetados. Hoje, trouxemos mestres e doutores para que os educadores ensinem essas crianças que não pode haver diferenças. Os avanços estão muito lentos, precisamos fazer uma mudança mais rápida e séria”, afirmou.

A secretária-adjunta de Educação, Soraia Campos, destacou a importância do evento para a os professores da Rede Municipal. “Através dessa palestra podemos passar para os educadores a importância de fazer valer a igualdade em nosso país. Não havia necessidade de criar uma lei para que isso acontecesse. Mas, há ainda a necessidade de criá-las,  então que elas sejam estudadas e respeitadas”, destacou.

Temáticas

O seminário conta com a participação de professores de universidades da Capital, que abordarão temas como “Povos Indígenas e a Diversidade Sociocultural no Estado de Mato Grosso do Sul” e “O Aluno Indígena no Contexto Urbano”.

afro-3Um dos palestrantes, o professor antropólogo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Antônio Hilário, que trouxe a temática sobre a ‘Diversidade dos povos indígenas lembrando a oportunidade para discutir sobre as leis. “Porque tendo em vista que depois de mais de 500 anos da vinda dos europeus, ainda damos pouca importância para a temática do indígena e do negro em sala de aula”, disse.

Já o professor de pós-graduação da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), que trabalha com uma linha de pesquisa voltada para diversidade cultural e educação escolar indígena, Carlos Magno Vieira, falou sobre o aluno indígena no contexto urbano. “É uma temática bastante nova, mas penso que Campo Grande é pioneira nessa discussão por abrir portas para a discussão que vai levar a pensar e refletir sobre políticas e o debate no espaço escolar”, pontuou.

afro-4O professor Carlos Magno acredita que o assunto é de relevância para os profissionais que trabalham com a educação pública na Rede Municipal. Ele acredita que o tema traz uma ressignificação da ideia da criança indígena dentro do espaço escolar e problematiza novas práticas e técnicas pedagógicas.

Agregando conhecimento

A professora Célia Vieira, da Escola Municipal Osvaldo Cruz falou que o seminário é pertinente e vai ajudá-la a entender melhor os alunos dentro dessa diversidade. “A palestra foi produtiva, principalmente porque trouxe uma inovação. Nós precisamos de um amparo maior de como ser trabalhado esse contexto, não apenas sobre leis, mas sim a prática realmente dentro de sala, como atender o aluno”, afirmou.

Para a assistente Michele Ramires, do Centro de Educação Infantil (ceinf), Maria Oliveira Lima, localizado no bairro Moreninha I, que também é estudante de Pedagogia, o evento é um complemento do que ela tem estudado no curso. A palestra apresenta dados que não temos com frequência. Até mesmo sob o ponto de vista pedagógico. Nem na faculdade é atribuído muito, falamos mais dos negros, não muito dos indígenas. Eu vejo que hoje em dia podemos trabalhar de forma diferente, sempre agregando informações”, concluiu.