Nesta terça-feira (26),  teve início a terceira fase de liberação dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia “Wobitos” em Campo Grande, que irá abranger 15 bairros das regiões Bandeira e Prosa. A soltura simbólica aconteceu durante a manhã em frente à sede da Secretaria Estadual de Saúde (SES), situada no Jardim Veraneio, um dos bairros contemplados. O projeto é uma parceria da Prefeitura de Campo Grande, Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),  Governo do Mato Grosso do Sul e o World Mosquito Program (WMP Brasil).

Além do Jardim Veraneio, irão receber os mosquitos com Wolbachia os bairros Carandá Bosque, Vila Carlota, Chácara Cachoeira, Dr. Albuquerque, Estrela Dalva, Jardim Paulista, Maria Aparecida Pedrossian, Noroeste, Rita Vieira, São Lourenço, Tiradentes, TV Morena, Universitário, e Vilas Boas. 

O coordenador do projeto em Campo Grande, Antônio Brandão, explica que a  Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti, e foi introduzida por pesquisadores do WMP, iniciativa global sem fins-lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos.  

“Quando presente no Aedes aegypti, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam no inseto, contribuindo para a redução destas doenças. Não existe modificação genética neste processo”, detalha.

A soltura dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia começou em dezembro do ano passado em Campo Grande, em sete bairros, que hoje apresentam um crescimento na população dos insetos com estas características. Em cinco destas regiões, a prevalência da bactéria nos mosquitos já é superior a 60%. 

Os dados de povoamento do Mosquito com Aedes foram obtidos através de análises feitas nas ovitrampas recolhidas e encaminhadas para o Rio de Janeiro.

O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, lembra que o método é complementar e a população deve continuar mantendo os cuidados necessários para evitar a proliferação do mosquito.

“A população precisa continuar fazendo a sua parte para que a gente consiga manter os índices das doenças transmitidas pelo mosquito sob controle, sobretudo neste momento onde se aproxima o período chuvoso. Este projeto é um aliado muito importante nesta luta constante contra o Aedes aegypti, mas temos que fazer o dever de casa. Não descartar materiais inservíveis em locais inapropiados e evitar o acúmulo de lixo e recipientes potenciais criadouros nos quintais. É preciso a colaboração de todos”, enfatiza.

Conforme o secretário, as ações de enfrentamento ao mosquito devem ser intensificadas a partir do próximo mês em uma grande força-tarefa que envolverá todas as secretarias e setores da sociedade.

“Conclamamos a todos que nos ajudem nesta luta. Hoje estamos em uma situação confortável, onde comparativamente, temos os menores índices registrados de dengue dos últimos cinco anos, mas isso não significa que a gente possa baixar a guarda”, complementa.

Casas do Wolbito 

A partir da primeira semana de novembro, está prevista a implementação de um piloto com a soltura de ovos do mosquito com Wolbachia, na região do Bairro Moreninha, nas chamadas “Casas do Wolbito”. Até o momento só são liberados os insetos adultos, que irão se reproduzir na natureza. 

Devem ser instalados equipamentos com água e alimentação para as larvas se desenvolverem após a eclosão dos ovos, que serão instalados através de cápsulas em árvores, locais onde há uma menor possibilidade de serem encontrados pela população e descartados antes da eclosão dos ovos. 

Método Wolbachia 

O Método Wolbachia tem eficácia comprovada. Um Estudo Clínico Randomizado Controlado (RCT, sigla em inglês), realizado em Yogyakarta, Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue e redução em 86% de hospitalizações em decorrência da doença em áreas tratadas com Wolbachia em comparação com áreas não tratadas.

No Brasil, dados preliminares observacionais apontam redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de Zika nas áreas onde houve a liberação dos Aedes aegypti com Wolbachia.  

Os Aedes aegypti com Wolbachia liberados na natureza se reproduzem com os Aedes aegypti locais e seja estabelecida uma população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Veja a ilustração abaixo. 

Método Wolbachia em Campo Grande  

Em Campo Grande, as liberações começaram pelos bairros da Fase 1 de implementação: Guanandi, Aero Rancho, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado. Nestes bairros, os Wolbitos foram liberados semanalmente, durante 30 semanas, por agentes da Prefeitura de Campo Grande. Na Fase 2, os bairros contemplados foram: Taquarussú, Jacy, Jockey Club, América, Piratininga, Parati, Pioneiros, Alves Pereira, Centro Oeste e Los Angeles.