Para traçar políticas públicas específicas, que atinjam verdadeiramente as mulheres que sofrem violência, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Mulher, com recursos do Governo Federal, fez uma pesquisa de Mapeamento da Violência Contra a Mulher em Campo Grande.

IMG_2350 (Copy)Subsecretária der Políticas Públicas para a Mulher, Maritza Cogo, explica que o “mapeamento envolveu a coleta de dados socioeconômicos, com recorte de gênero e registro de todas as formas de violência praticadas contra a mulher além do perfil das vítimas, cujo produto irá gerar uma base de dados referencial para utilização/consulta de toda a rede de atendimento e demais segmentos interessados, que demandem de informações para consolidarem as ações que desenvolvem, além de subsídios para o aprimoramento das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher”.

Os números da violência registrados no Mapa da Violência/2015 apontam uma taxa de homicídios de mulheres no Estado de Mato Grosso do Sul, em 2013, de 5,9, o que colocou o Estado na 9ª posição do ranking nacional.

Já Campo Grande acumulou uma taxa de 5,0 no ano de 2013. Foram 21 homicídios de mulheres cometidos, o que dá uma média aproximada de quase dois homicídios/mês.

O gerente de projetos da AMP Assessorias, responsável pela execução da pesquisa do Mapa da Violência em Campo Grande, explica que o mapeamento também tem a proposta de olhar para o outro lado, que é aquele lado que não está sendo registrado.

IMG_2296 (Copy)“A pesquisa foi organizada atendendo mulheres em todas regiões urbanas de Campo Grande, seus distritos e as comunidades tradicionais, como as quilombolas e as aldeias indígenas urbanas. Os números de entrevistas foram organizados proporcionalmente, de acordo com cada região e a pesquisa é trabalhada de forma amostral. Atendendo essas regiões de forma proporcional, o objetivo era ter um perfil dessa mulher de Campo Grande. A pesquisa reuniu informações de dados secundários de todas as fontes de pesquisa”, explicou.

Além disso, a pesquisa se diferencia por dar às mulheres diversas situações que exemplificam as diversas violências que sofrem a mulher. E perguntam não se ela acha que aquilo é violência, mas ela já sofreu aquela situação.

“O que se percebe é que muitas vezes a mulher passou por diversos tipos de situações que são violência, e pela cultura, pelo senso comum, que diz que a violência é a agressão física,  ela não enxerga aquilo como violência”, conta Crisrober.

IMG_2326 (Copy)Bruna Oliveira dos Santos, que sofreu uma tentativa de feminicídio em novembro de 2017, revela que não entendia que o que sofreu em 7 anos de relacionamento era violência, que vivia uma relação abusiva.

“Depois de um certo tempo, eu entendi que foi uma violência, que ele tentou me matar. Foi quando procurei ajuda aqui na Casa da Mulher Brasileira. Eu fui encaminhada para o Ceam, onde fiz terapia. Eu fui vítima de tentativa de feminicídio. A maior característica dessa violência que eu passei foi a omissão. Eu pedi socorro muitas vezes, para muitas pessoas, e eu não tive. Então, quando eu tenho a oportunidade de falar sobre isso, eu faço questão de dizer que a omissão pode matar. Foram sete anos de relacionamento abusivo. Eu achava que era um relacionamento normal”, conta.

O Seminário teve como propósito apresentar o resultado parcial do mapeamento realizado pela MP Assessoria, Consultoria e Serviços Ltda, com financiamento do Governo Federal, por meio do convênio nº 119/SPPM.

Participaram do evento servidores da Casa da Mulher Brasileira, o Conselho Municipal de Direito da Mulher, a Coordenadoria da Casa da Mulher da Brasileira, a DEAM, a Guarda Civil Municipal e a Secretaria Municipal de Assistência Social.