A Secretaria Municipal de Educação (Semed) lançou a campanha “Setembro Verde”, que vai oferecer a professores da Reme (Rede Municipal de Educação) um ciclo de dez palestras que visam debater questões relacionadas à inclusão de pessoas com deficiência.

A iniciativa faz parte das ações do mês oficial da luta pela inclusão da pessoa com deficiência e tem o objetivo de abordar diversos temas referentes a este universo com os profissionais que atuam na Reme. Na abertura do evento, a chefe da Divisão da Educação Especial, Lizabete Coutinho, destacou a estrutura oferecida pela Semed para atender os 1.860 alunos que apresentam desde deficiências físicas até intelectuais.

A Reme conta hoje com 1.095 técnicos divididos entre auxiliares pedagógicos, intérpretes, estagiários, técnicos que trabalham em diversas áreas, como os que prestam atendimento nas escolas e às famílias, além dos que atuam nas equipes voltadas às crianças autistas, com surdez e baixa visão. Ainda há os que oferecem apoio aos Ceinfs e atuam nas salas de recursos multifuncionais.

A Semed também iniciou este ano a alfabetização em braile na sala para os alunos com cegueira e ainda presta atendimento a 22 alunos com altas habilidades de superdotação.

Somada a essa estrutura, a Semed realiza periodicamente capacitações e formações continuadas aos profissionais como forma de atender uma das principais metas estabelecidas pela gestão, por meio da secretária municipal de Educação, Ilza Mateus, que é a de oferecer instrumentos que garantam a qualidade no atendimento aos alunos e comunidade escolar.

Todo esse trabalho foi motivo de elogio e despertou o interesse de pesquisadores e professores que participaram do Simpósio Internacional sobre Educação Inclusiva, ocorrido em maio, em Presidente Prudente, interior paulista.

Na ocasião, os professores Edilmar Galeano Marques e Francimar Batista Silva, ambos da Escola Municipal Professor José de Souza, elaboraram um estudo na área, que foi apresentado no evento que teve como sede a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista.

O prefeito Marquinhos Trad, que marcou presença no lançamento da campanha, ressaltou o trabalho desenvolvido pelos profissionais. “Essas crianças transformam nossas vidas e nos ensinam a cada dia, por isso sei da importância da função de vocês, que trabalham para valorizar o melhor de cada um deles”, disse.

Para a secretária-adjunta municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado, a valorização e o trabalho de inclusão devem ser diários, por isso a importância de realizar o ciclo de palestras que irá compor as atividades do “Setembro Verde”.

Preconceito

A campanha tem como pano de fundo a Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, visando sua inclusão social e cidadania.

O evento tem como público-alvo professores regentes; auxiliares pedagógicos especializados e intérpretes de libras; equipe técnica da Semed; gestão e equipe técnica pedagógica escolar; alunos com deficiência; familiares e comunidade em geral.

Para a presidente da Associação Juliano Varela, Malu Fernandes, mesmo com toda a gama de informações disponíveis na internet, é fundamental a realização de eventos que valorizam e contribuem com o combate ao preconceito contra as pessoas com deficiência.

Outro ponto ressaltado pela presidente é a necessidade de avançar na legislação que ampare as pessoas com deficiência intelectual. ”Ainda não há o amparo que as demais deficiências já encontraram. Por exemplo, no caso das pessoas cegas, já existem até contas de consumo em Braille, mas qual é a ferramenta de acessibilidade efetiva do deficiente intelectual. É um assunto ainda em discussão, por isso a importância de momentos como este”, destacou.

A professora Marcela Regina Zanardi, que atua na sala de recursos da escola municipal Irmã Edith Coelho Netto, considera que o ciclo de palestras, além de oportunizar um momento para troca de experiências, é importante para também combater o preconceito que, em alguns casos, advém da própria família da pessoa com deficiência. “As famílias estão mais conscientes da necessidade da inclusão, mas ainda há casos que os pais, por proteção, preferem isolar a criança da sociedade. Tudo isso é um processo gradativo e nós trabalhamos ao máximo para trazer essa família para a escola”, afirmou.