Durante a prestação de contas da administração municipal ficou claro que a CG Solurb é uma das responsáveis pela crise por que passa a prefeitura de Campo Grande. As planilhas e documentos apresentados demonstraram que, devido a um bloqueio judicial, mensalmente milhares de reais saem dos cofres municipais e vão diretamente para a empresa, sem qualquer controle.

O contrato com a CG Solurb foi assinado pelo ex-prefeito Nelsinho Trad no final de 2012 e é alvo de investigação da Polícia Federal, que constatou que a empresa é na verdade do ex-cunhado de Trad, João Amorim, que usou seu genro Luciano Dolzan como laranja.

Em setembro de 2015, assim que o prefeito Alcides Bernal retornou à administração, alegando atraso em três faturas, a CG Solurb não pagou seus funcionários, levando-os a entrarem em greve e causando muitos transtornos à população.

A administração tomou medidas judiciais, uma vez que os cofres da prefeitura haviam sido saqueados pela quadrilha da Coffee Break e as faturas da CG Solurb apresentavam inconsistências que davam margem a graves suspeitas, e para encerrar a greve passou a depositar judicialmente cerca de R$ 2,9 milhões por mês para pagar diretamente os funcionários da empresa.

Em setembro de 2015, a CG Solurb entrou na justiça pedindo o bloqueio dos recursos da prefeitura, mas o juiz da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, Alexandre Tsuyoshi Ito, negou.

Em outubro daquele ano, a empresa recorreu ao Tribunal de Justiça e conseguiu uma liminar do juiz Geraldo de Almeida Santiago, atuando em substituição no TJ, para bloquear 20% de todos os recursos do FPM e ICMS recebidos pelo município, sem ao menos ter o cuidado de deduzir destes valores a destinação obrigatória constitucionalmente de aplicação de 15% na Saúde e 25% na Educação.

Apesar de diversas tentativas da procuradoria jurídica do município, até hoje os recursos são bloqueados e periodicamente liberados para a CG Solurb sem qualquer contestação ou aferição dos valores de prestação de serviço apresentados pela empresa.

Em pouco mais de um ano, a CG Solurb retirou dos cofres municipais cerca de R$ 122 milhões, sendo R$ 80 milhões do levantamento judicial e R$ 42 milhões do acordo trabalhista. Deste valor sequer foram descontados os impostos obrigatórios.