Moradora de bairro distante do Centro, Fernanda dos Santos Silva enfrentou preconceitos que nunca a fizeram desistir dos sonhos. Aos 29 anos, casada e mãe de uma menina de 11 anos, Fernanda teve sua vida mudada por meio do Centro de Convivência do bairro Tijuca II, unidade da Proteção Básica da Secretaria de Assistência Social de Campo Grande.

Ainda criança, Fernanda conta que procurou apoio no Centro de Convivência – CC Tijuca II, onde foi encaminhada para participar IMG_8303das atividades oferecidas pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) da unidade. Desde então, a rotina da jovem mudou por completo. Ingressou no Curso de Manicure, aos 15 anos, executado pela Gerência de Trabalho de Ações e Cidadania, se especializou e, agora, está escrevendo uma nova história em Portugal.

“O CC me abriu as portas, fui me aperfeiçoando, e agora recebi a proposta de ir trabalhar em Portugal. Cheguei aqui ainda muito pequena, praticamente ‘pulei’ o muro da creche e já vim pra cá. Hoje, minha filha faz parte do Centro e meu esposo também. Pra WhatsApp Image 2019-02-27 at 17.08.10comunidade, que muitas vezes olha para a unidade com olhos de desdém, não vê o que a Assistência pode oferecer pra gente. Aqui a gente aprende, abre as portas. Graças a tudo que aprendi no CC, com o apoio da minha família, eu cheguei onde estou, e eu quero voar muito mais longe, porque águia não para”, relata Fernanda.

Ela conta que uma empresária do ramo, em Lisboa, entrou em contato após conhecer seu trabalho pelo Instagram e propôs a ida para Portugal.  “A porta é tão grande, que hoje eu posso ensinar tudo que eu aprendi. Prometi pra mim mesma que antes dos 30 ia chegar na Europa, e olha pra onde estou indo”, comemora.

Emocionada, Fernanda, que mora na proximidade do Centro de Convivência, contou que mesmo tendo vivenciado diversas situações que pudessem desanimá-la, nunca desistiu do sonho de crescer e mostrar que todos os jovens são capazes, independente de classe social e cor da pele.

“Não podemos esquecer de onde saímos, tudo que passei e tudo que aprendi. Não importa se a gente nasce pobre ou rico, o que fica é o nosso caráter. Esse é meu lema! Eu convivi com pessoas do meio das drogas e prostituição. E eu escolhi viver da forma mais difícil. Pelejei, sofri. Teve casos em que sofri preconceito num salão em que trabalhei, onde uma cliente se negou a ser atendida por mim. Mas, isso não fez com que eu me abalasse, me fortaleceu e me fez acreditar mais ainda no que eu sou e em tudo que aprendi.  Eu aprendi a não olhar para o preconceito.  Não desanimei!”, afirma a jovem.

Com o coração apertado, Fernanda contou com o apoio da filha e do esposo, que não mediram esforços nesta nova etapa da família.
“Não tenho o que reclamar! Minha filha está bem tranquila. Ela sabe que estou indo por nós. Tudo que eu não tive, quero oferecer o melhor pra ela. Mesmo na adolescência, ela é focada e não é de ir pela cabeça dos outros, gosta de estudar e é uma filha maravilhosa. Meu marido, então, sempre apoiou meu sonho, se dependesse dele, eu iria agora, mesmo sabendo que não tenho previsão de volta. Mas, eu vou, e volto pra levar todo mundo”, disse Fernanda, que embarcou para Portugal na última sexta-feira (22).

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

O SCFV, ofertado pelos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e Centros de Convivência – CC, é continuado e ajuda a prevenir as situações de risco social. Na oferta, o serviço tem como foco o desenvolvimento de atividades que contribuam para o desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, para o fortalecimento dos vínculos familiares e para o convívio comunitário.

Para o secretário de Assistência Social de Campo Grande, José Mário Antunes, o trabalho realizado no Município fortalece os vínculos entre as famílias e a comunidade. “Além das várias oficinas, nós oferecemos palestras e outras ações em conjunto com a rede pública. Todos, de crianças até idosos, ganham voz.”, explica.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é apenas uma das oportunidades que a população pode encontrar nos CC’s e Cras. Nas unidades, eles ainda recebem orientações sobre como se inscrever no Cadastro Único que dá acesso a Programas Sociais do Governo Federal.

Campo Grande conta com 20 unidades de CRAS e 6 unidades de CC’s, localizadas nas áreas de maior vulnerabilidade social da cidade. Os endereços podem ser encontrados no site da prefeitura, na aba da PROTEÇÃO BÁSICA: https://www.campogrande.ms.gov.br/sas/

No caso de dúvidas sobre a unidade de referência dos bairros, o cidadão pode entrar em contato pelos telefones 67 3314-3273 ou 3314- 9535.