O prefeito Marquinhos Trad e o governador Reinaldo Azambuja assinaram, nesta terça-feira (2), uma autorização de aporte de recursos para a retomada das obras do Residencial Rui Pimentel I e II. Com 260 unidades habitacionais, os residenciais garantirão moradia para mais de mil campo-grandenses, que se encontram em situação de vulnerabilidade.

O residencial foi contratado em 2014, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), com recursos do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), do Governo Federal. Entretanto, a empreiteira contratada à época pelo agente financeiro e detentor legal deste empreendimento – Caixa Econômica Federal -, decretou falência, com cerca de 90% das obras concluídas.

Diante de cláusula do Minha Casa Minha Vida, que impede a entrega parcial de unidades habitacionais de interesse social, as obras ficaram paralisadas cerca de dois anos após o início das construções. Agora, com a parceria entre Prefeitura e Governo, os moradores realizarão o sonho da casa própria.

“Conseguimos destravar um empreendimento que já era para estar pronto desde 2016. São várias pessoas que  vão sair do aluguel e colocar sua família em um abrigo. Ainda bem que Deus tem visto o esforço daqueles que tem agido com transparência e com coração”, declarou o prefeito Marquinhos Trad.

O governador Reinaldo Azambuja destacou a parceria entre o Governo e a Prefeitura de Campo Grande, que possibilitará a entrega de 2.958 moradias até o final de 2020. “Essas construções estavam paralisadas. Imagina a aflição destas famílias. Já entregamos, em Campo Grande, 2.059 moradias e estamos em construção de 2958. Todas elas serão entregues e finalizadas até o final do ano que vem”, afirmou o governador.

O superintendente da Caixa Econômica Federal, Evandro Narciso de Lima, enalteceu o empenho da Prefeitura e Governo do Estado para a entrega da obra. “Todo mundo, buscando, de fato, o bem maior, que é a conclusão deste empreendimento. Se não tivéssemos a parceria da Prefeitura e do Governo do Estado, não teríamos colocado uma empresa lá dentro para concluir este empreendimento. Em setembro, se Deus quiser, estaremos entregando esta obra”, garantiu.

Desde 2017, início da atual gestão do Executivo Municipal, uma das prioridades da Agência Municipal de Habitação era destravar os recursos federais para o término das obras do residencial Rui Pimentel. Após diversas negativas do Governo Federal em liberar os recursos necessários para a conclusão das obras, em uma ação inédita entre Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado, ambos se comprometeram a aportar os recursos requeridos, a fim de entregar as unidades habitacionais o mais rápido possível.7Z2A6854 (Copy)

Contrapartida – Por intermédio da Agência Municipal de Habitação (EMHA), serão aportados R$ 447.047,41 para a finalização das 124 casas que tiveram a demanda de famílias selecionadas pela Agência.

Isso só foi possível após a instituição dos programas inovadores de renegociação de dívidas e titularidade de mutuários junto à EMHA. Ações ostensivas, mutirões nos bairros para a conscientização dos beneficiários sobre a importância do pagamento de suas parcelas, além do trabalho intenso junto às comunidades atendidas pelos empreendimentos da EMHA, propiciaram a recuperação financeira da Agência que, em janeiro de 2017, enfrentava alta taxa de inadimplência.

Recursos próprios

Após 26 anos sem investir em unidades habitacionais com recursos próprios, desta vez a EMHA foi capaz de aportar o valor requerido para a retomada das obras no Residencial Rui Pimentel.

“A obrigação do Governo Federal era aportar os recursos indispensáveis para a conclusão das obras deste empreendimento. Por várias vezes tentamos viabilizar junto ao agente financeiro o destravamento das obras, mas todas sem sucesso. É preciso ressaltar que esta obra poderia permanecer abandonada, já que integra um programa federal de habitação de interesse social. Porém, estamos trabalhando em uma gestão municipal transparente, humanizada e preocupada com essas famílias que aguardavam ansiosamente por boas notícias. Como não as tivemos de Brasília, resolvemos viabilizá-las por aqui mesmo, nessa importante parceria com a Agehab”, explicou o diretor-presidente da EMHA, Enéas Netto.

Emoção e expectativa

Para Kátia Adriana Amaral Pereira, 49 anos, é grande a expectativa de receber as chaves de sua casa própria. Desde 2013, a beneficiária foi chamada para assinar o dossiê na EMHA e no momento enfrenta uma batalha pela sobrevivência de sua família. “Tenho uma neta com oito anos, portadora de diabetes funcional. A minha filha, mãe da criança, mora comigo, com seus três filhos. No momento, ela está grávida do quarto, que, inclusive, já está para nascer. Como ela tem esquizofrenia, não trabalha e eu preciso cuidar delas. A minha mãe me ajudava muito, mas faleceu há um ano, então as dificuldades aumentaram”, relata.

A beneficiária afirma que agora está a um passo de realizar o sonho de receber sua moradia social. “Eu morava de aluguel e agora estou em uma casa cedida, mas a dona está pressionando para que eu entregue o imóvel. No momento, eu fico mais em casa, pois a minha filha tem crises e não pode tomar a medicação para combater a doença por causa da gravidez. Essa casa vai resolver a minha vida”, diz com convicção.

Já Ana Raquel Rodrigues Nojosa, 28 anos, também enfrenta uma luta com sua filhinha especial. Ela, que não trabalha, pois precisa acompanhar a menina durante os tratamentos necessários, também mora em casa cedida por terceiros. “É a realização de um sonho ser contemplada, que agora vai se concretizar.”

Diane Caroline Medradi Longo, 31 anos, foi selecionada para o Rui Pimentel pela EMHA. Ela trabalha como assistente de educação infantil e aguarda há quatro anos a finalização e entrega do empreendimento. “Hoje eu moro em uma casa cedida pelo meu ex-sogro. Então, a minha expectativa é que estou com mais fé agora. É um sonho que a gente tinha de receber a casa. Com o passar dos anos e com a demora, fui ficando angustiada, mas estou muito feliz porque o pessoal da EMHA está dando essa força para nós. Não dá nem para acreditar que o nosso sonho está mais perto de ser realizado do que a gente imagina”, finalizou.

Rui Pimentel I e II

O Residencial Rui Pimentel I e II, localizado no Bairro Centro-Oeste, região urbana do Anhanduizinho, é composto por 260 casas, sendo oito adaptadas a PCD (Pessoas Com  Deficiência). Cada unidade habitacional possui 38,38 metros quadrados e as adaptadas têm 40,12 metros quadrados cada.

As moradias possuem sala, cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço. O empreendimento possui centro comunitário, playground e infraestrutura com pavimentação asfáltica, drenagem, energia elétrica, rede de água e esgoto. O aporte inicial de recursos via FAR foi da ordem de R$ 13.813.858,33.