As novas infecções por HIV em 2017 na população de Campo Grande superam em 31% o total registrado no ano anterior, segundo dados do Programa IST/AIDS da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU). Em 2016 foram notificados 159 casos, enquanto que até novembro de 2017 foram 209 notificações e os jovens são os mais infectados. Para o Dia Mundial contra a AIDS, lembrado nesta sexta-feira (1), e para abrir as ações do Dezembro Vermelho, acontece uma grande mobilização nas unidades de saúde, universidades e em um shopping da Capital.

A faixa etária entre 20 e 34 anos representa mais da metade das novas infecções em 2017. Foram notificados 135 casos, ante 103 no ano anterior todo. Clique aqui e confira a série histórica de notificações de HIV e AIDS e a aqui para a distribuição por faixa etária.

Denise Leite Lima, coordenadora do Departamento de IST da Sesau. (Foto: Sesau).
Denise Leite Lima, coordenadora do Departamento de IST da Sesau. (Foto: Sesau).

O aumento de novas notificações por HIV está diretamente relacionado com a oferta dos testes rápidos nas 67 unidades básicas de saúde da Capital. Em 2017, o Programa IST/AIDS determinou a descentralização dos exames facilitando o acesso e consequentemente o diagnóstico de pessoas infectadas e que não sabiam da condição sorológica. Até 2016, apenas duas unidades da SESAU realizavam a testagem.

“A descentralização do teste rápido é o principal avanço na oferta do diagnóstico para a população e estamos trabalhando para concluir este ano com um aumento de 30% nos testes oferecidos”, explicou a chefe do Programa IST/AIDS, Denise Leite Lima.

Para a médica infectologista da Sesau, Márcia Dall Fabro, o aumento de casos de HIV se deve, também, ao fato que as pessoas continuam tendo relações sexuais sem o uso do preservativo. “Não podemos mais dizer que a desinformação é a causa das infecções ou que não há conscientização. A informação está disseminada e as pessoas sabem que no sexo desprotegido elas correm o risco de contaminação, mas mesmo assim não usam o preservativo”, ponderou.

Com o objetivo de reverter esse comportamento da população, a Sesau espera distribuir 158 mil preservativos masculinos, 5 mil femininos, 6 mil lubrificantes e 20 mil panfletos de materiais educativos nos bares e conveniências da cidade. Este trabalho teve início na última segunda-feira (27) e segue até hoje (30).

1º de Dezembro

O Dia Mundial contra a AIDS lembrado nesta sexta-feira (1) terá abertura da programação de eventos e atividades do Dezembro Vermelho, mês dedicado para alertar a sociedade sobre a necessidade do diagnóstico precoce e oferta do tratamento.

Às 8h, na UBS Jockey Clube acontece a abertura das ações com a realização de 80 testes rápidos de HIV, sífilis, hepatites B e C ofertados aos pacientes que procurarem a unidade. Outras unidades de saúde também vão oferecer de forma agendada os testes rápidos aos usuários.

Às 9h, acontece o “1º Colóquio sobre HIV/AIDS e ações integradas” no Auditório do LAC da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O evento é aberto para profissionais da área de saúde e terá a presença das infectologistas Márcia Dall Fabro e Priscila Alexandrino de Oliveira, da enfermeira e doutora em epidemiologia Clarice Souza Pinto e da coordenadora do Programa IST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde, Daniele Martins Tebet.

O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) vai atender das 7h às 16h para realizar os testes rápidos de diagnóstico de HIV, sífilis e hepatite B e C em 60 pacientes. As senhas serão distribuídas para facilitar e organizar o fluxo de atendimento. A unidade não funciona no horário do almoço (11h às 13h).

O Túnel das Sensações, ferramenta de orientação e prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (IST), estará no Hospital Dia Profa. Esterina Corsini (HU/UFMS), das 8h às 16h. No local serão atendidos 300 usuários que desejarem realizar os testes rápidos.

No Shopping Campo Grande, a partir das 18h, serão distribuídos materiais informativos e preservativos aos clientes nas cancelas de entrada do estacionamento. No saguão do empreendimento, o Programa IST/AIDS da SESAU vai oferecer testagem rápida a 50 pacientes.

 

O que é HIV?
HIV é uma sigla para vírus da imunodeficiência humana. É o vírus que pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que uma vez contraído o HIV, o indivíduo viverá com o vírus para sempre.

AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
Esta é a fase da infecção que ocorre quando o sistema imunológico está seriamente danificado e a pessoa se torna vulnerável a infecções e as chamadas doenças oportunistas. Quando o número das células CD4 cai abaixo de 350 células por milímetro cúbico de sangue (350 células/mm3), é considerada a progressão do HIV para a AIDS. (A contagem normal de CD4 fica entre 500 e 1.600 células/mm3).

Pode ser diagnosticada com AIDS a pessoa que desenvolver uma ou mais das doenças oportunistas, independentemente de contagem de CD4. Sem tratamento, as pessoas que são diagnosticadas com AIDS normalmente sobrevivem cerca de 3 anos. Uma vez com uma doença oportunista perigosa, a expectativa de vida sem tratamento cai para cerca de 1 ano. Pessoas com AIDS precisam de tratamento médico para evitar a morte.

Tratamento
A terapia antirretroviral (TARV) pode prolongar significativamente a vida das pessoas infectadas pelo HIV e diminuir as chances de transmissão da doença (indetectável). É importante que as pessoas façam o teste de HIV e saibam desde cedo que estão infectadas para que os cuidados médicos e o tratamento tenham maior efeito.