Documento instituindo o Comitê de Combate à Sífilis sendo assinado pelo secretário de Saúde Marcelo Vilela. (Foto: Sesau).
Documento instituindo o Comitê de Combate à Sífilis sendo assinado pelo secretário de Saúde Marcelo Vilela. (Foto: Sesau).

A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) de Campo Grande lançou o Comitê de Prevenção da Sífilis Congênita e de Investigação da Transmissão Vertical do HIV, HTLV (vírus linfotrópico da célula T humana), Sífilis e Hepatites Virais na manhã desta quarta-feira (18). O ato teve a presença do secretário Saúde, Marcelo Luiz Vilela Brandão.

O Comitê terá a finalidade de analisar as circunstâncias da ocorrência dos casos de sífilis congênita e a transmissão vertical de infecções sexualmente transmissíveis da mãe para o bebê durante a gestação e no parto. O órgão tem a função consultiva, normativa, deliberativa e de investigação, vinculado à SESAU.

“A prevenção em relação às doenças sexualmente transmissíveis é muito importante e o lançamento deste Comitê é exatamente para quebrarmos a barreira da transmissibilidade da sífilis da mãe para o bebê”, afirmou o secretário Marcelo.

O Comitê será composto por instituições e entidades representativas que devem designar os membros permanentes e suplentes, como: da Sociedade de Pediatria e Sociedade de Ginecologia, ambas de Mato Grosso do Sul; de representantes da SES; de hospitais e centros obstétricos (Santa Casa, CASSEMS, UNIMED, Maternidade Cândido Mariano e outros); e de diversas gerências técnicas e coordenadorias da SESAU.

“A primeira reunião do Comitê será em novembro para a eleição da mesa diretora. Com a formação deste órgão que é uma recomendação do Ministério da Saúde, vamos elaborar estratégias para diminuirmos os casos de sífilis em Campo Grande”, explicou a coordenadora do Programa IST/AIDS (infecções sexualmente transmissíveis) da SESAU, Denise Leite Lima.

Casos
Em Campo Grande, de janeiro a setembro de 2017 houve um crescimento de 17,55% dos casos notificados em relação a todo ano anterior. Foram notificados 663 casos da sífilis adquirida contra 564 em todo o ano de 2016. Sífilis adquirida são os casos da doença diagnosticada em homens e mulheres (não gestantes) da população em geral.

Em gestantes foram registrados 296 casos de janeiro a setembro de 2017, enquanto que no mesmo período do ano passado, 303 grávidas foram diagnosticas. Já o caso da sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê foram 96 casos notificados de janeiro a setembro de 2017, ante 106 notificações no mesmo período de 2016.

A sífilis tem cura e é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e transmitida de uma pessoa infectada para outra durante o sexo desprotegido, através da transfusão de sangue e da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou no parto. A doença pode se manifestar em três estágios e os maiores sintomas ocorrem durante as duas primeiras fases, período em que é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintomas, e, por isso, dá-se a falsa impressão de cura da doença.

Sintomas
Entre 7 a 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado surgem os primeiros sintomas que são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços (ínguas) nas virilhas. Elas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz, todavia, a pessoa continua doente e transmitindo a doença em relações sexuais desprotegidas.

Algum tempo após o período inicial da doença, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e quedas dos cabelos. Esses sintomas também desaparecem, dando a ideia de melhora. Entretanto a doença pode fica estacionada por meses ou anos, até que surgem as complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar a morte.

Quando não há evidencia de sinais e ou sintomas, é necessário fazer um teste laboratorial. Mas, como o exame busca por anticorpos contra a bactéria, só pode ser feito trinta dias após o contágio.

Diagnóstico
Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a doença na forma congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer. O exame está disponível para a população em geral em todas as unidades básicas de saúde (UBS) e de saúde da família (UBSF) e são realizados pelos enfermeiros.

Durante a gestação o teste deve ser feito na 1ª consulta do pré-natal, no 3º trimestre da gestação e no momento do parto (independentemente de exames anteriores). O cuidado também deve ser especial durante o parto para evitar sequelas no bebê, como cegueira, surdez e deficiência mental.

Tratamento
Após o diagnóstico da sífilis, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível e é recomendado pelo profissional de saúde. Os parceiros das gestantes também precisam fazer o teste e ser tratados, para evitar uma nova infecção da mulher. No caso das gestantes, é muito importante que o tratamento seja feito, pois é o único método capaz de tratar a mãe e o bebê. Nos casos de sífilis em bebê, a criança necessita ficar internada para tratamento por 10 dias. O parceiro também deverá receber tratamento para evitar a reinfecção da gestante e a internação do bebê.