Resultado de teste sai em 15 minutos. (Foto: SESAU).
Resultado de teste sai em 15 minutos. (Foto: SESAU).

De janeiro a setembro deste ano, o Serviço de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) realizou mais de 50 ações de combate e prevenção as infecções sexualmente transmissíveis em empresas, praças, exposições, feiras e vias públicas. As chamadas ações “extramuros” têm se mostrado extremamente eficazes como estratégia de busca ativa, mas também revelam uma situação preocupante: o alto índice de pessoas infectadas sem o diagnóstico para a doença.

Durante estas ações executadas no período mencionado foram realizados mais de 4,5 mil testes de sífilis, HIV, hepatites B e C. Destes, três casos atestaram positivo para HIV tipo 2, cinco para HIV tipo 1, 49 para sífilis, 5 para hepatite B e 17 para hepatite C.

Apesar de proporcionalmente o número não parecer tão significativo, a coordenadora do serviço de IST da SESAU, Denise Leite Lima, explica que a crescente nos casos diagnosticados chamam a atenção.

“Esse tipo de ação é extremamente importante porque quase todas essas pessoas, com exceção apenas àqueles que têm alguma desconfiança, não sabem que possuem alguma doença. Sendo assim todos eles vivem e se relacionam com outras pessoas sexualmente falando sem saberem que estão infectados. E isso preocupa porque é necessário que o diagnóstico e o tratamento sejam feitos o quanto antes”, pondera.

Nesta quarta-feira (17), o serviço realizou uma ação na praça Ary Coelho – Centro de Campo Grande – em alusão ao Dia Nacional de Combate a Sífilis, que é lembrado no terceiro sábado do mês de outubro.

No local, foram realizados testes em 179 pessoas, sendo 33 confirmados para sífilis, dois para HIV, 1 para hepatite B e 1 para hepatite C.

“Isso só reforça a importância também de se provocar a necessidade nas pessoas de se cuidar, se prevenir. Nós estamos vivendo um momento de preocupação em relação ao avanço destas doenças, portanto é preciso consciência de todos”, finaliza a coordenadora

Em casos positivos, os pacientes são orientados e referenciados para tratamento nas unidades de saúde.

Casos

De janeiro a setembro de 2018 foram notificados 1489 casos da sífilis adquirida em Campo Grande. Este número é superior 17,55% dos casos registrados durante todo o ano anterior, quando foram notificados 564 casos. Sífilis adquirida são os casos da doença diagnosticada em homens e mulheres (não gestantes) da população em geral.

Em gestantes foram registrados 393 casos, enquanto que no mesmo período do ano passado, 303 grávidas foram diagnosticas.

Já o caso da sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê foram 393 casos notificados até agora.

Dia D – Mutirão do Povo

No dia 20 (terceiro sábado do mês) será realizado o Dia D de mobilização, prevenção e testagem da doença, no Mutirão do Povo que vai acontecer na Escola Municipal Professor Tereza Rodrigues, no bairro Santa Emília.

Dia Nacional de Combate à Sífilis

O terceiro sábado de outubro é o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. A data e o mês são importantes para alertar a população sobre os riscos de contaminação e as formas de prevenção.

Durante todo o mês de outubro, as ações de prevenção e diagnóstico estão sendo intensificadas em todas as unidades básicas de saúde do município (UBS/UBSF), com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o tema.

O teste rápido disponível nas UBS/UBSF são exames confirmatórios da doença e que podem ser realizados por pessoas de todas as idades. O tratamento, também é realizado nestes locais, não havendo necessidade de encaminhamento para local específico.

Tais ações fazem para do Projeto Sífilis Não, idealizado em parceira com o Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde, que tem como objetivos principais reduzir a sífilis adquirida e em gestante, além de eliminar a forma congênita da doença.

Doença

A sífilis tem cura e é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e transmitida de uma pessoa infectada para outra durante o sexo desprotegido, através da transfusão de sangue e da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou no parto. A doença pode se manifestar em três estágios e os maiores sintomas ocorrem durante as duas primeiras fases, período em que é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintomas, e, por isso, dá-se a falsa impressão de cura da doença.

Sintomas
Entre 7 a 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado surgem os primeiros sintomas que são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços (ínguas) nas virilhas. Elas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz, todavia, a pessoa continua doente e transmitindo a doença em relações sexuais desprotegidas.

Algum tempo após o período inicial da doença, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e quedas dos cabelos. Esses sintomas também desaparecem, dando a ideia de melhora. Entretanto a doença pode fica estacionada por meses ou anos, até que surgem as complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar a morte.

Quando não há evidencia de sinais e ou sintomas, é necessário fazer um teste laboratorial. Mas, como o exame busca por anticorpos contra a bactéria, só pode ser feito trinta dias após o contágio.

Diagnóstico
Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a doença na forma congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer. O exame está disponível para a população em geral em todas as unidades básicas de saúde (UBS) e de saúde da família (UBSF) e são realizados pelos enfermeiros.

Durante a gestação o teste deve ser feito na 1ª consulta do pré-natal, no 3º trimestre da gestação e no momento do parto (independentemente de exames anteriores). O cuidado também deve ser especial durante o parto para evitar sequelas no bebê, como cegueira, surdez e deficiência mental.

Tratamento
Após o diagnóstico da sífilis, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível e é recomendado pelo profissional de saúde. Os parceiros das gestantes também precisam fazer o teste e ser tratados, para evitar uma nova infecção da mulher. No caso das gestantes, é muito importante que o tratamento seja feito, pois é o único método capaz de tratar a mãe e o bebê. Nos casos de sífilis em bebê, a criança necessita ficar internada para tratamento por 10 dias. O parceiro também deverá receber tratamento para evitar a reinfecção da gestante e a internação do bebê.