A escola municipal Sullivan Silvestre realizou nesta quarta-feira (19) a abertura da Feira Indígena Cultural, com o objetivo de reacender a cultura dos povos indígenas através de danças, artesanato e comidas típicas. Já tradicional na escola, localizada no bairro Tiradentes, dentro da Aldeia Urbana Marçal de Souza, o evento completa este ano sua 19ª edição.

O tema escolhido para esta edição foi “A importância da terra para os povos indígenas Terena” e tem a proposta de chamar atenção das autoridades quanto à valorização do meio ambiente e da população indígena da Capital.

@2A feira contou com a apresentação artística de índios da etnia Terena, com barracas de comidas típicas como o bolo de milho, pipoca e milho cozido. Nas tendas também foram expostas mudas de plantas cultivadas pelos indígenas como o milho, pimenteiras, mandiocas, bananeiras entre outras variedades utilizadas na agricultura tradicional indígena.

A secretária-adjunta de Educação, Elza Ortelhado, participou do evento e falou sobre a dedicação da equipe em realizar a feira. “Nos empenhamos para essa feira acontecer. O importante é que as crianças participaram de toda a elaboração e criação de tudo. Fizeram todos os processos das plantas que estão apresentadas. Esse evento busca também a paz entre os povos”, ressaltou.

O vereador Pastor Geremias Flores representou o prefeito Marquinhos Trad e falou sobre a importância da valorização do indígena. “Todo dia é dia de conscientização. Temos que continuar fomentando para que a comunidade indígena tenha seu espaço, afirmou..

Dança do bate pau e hino

Umas das apresentações que chamou a atenção da comunidade foi a apresentação da cantora e compositora Lenilde Ramos, ao lado do professor indígena Itamar Pereira, responsável pela educação indígena na Semed. A dupla cantou, junto com os alunos, o hino do estado de Mato Grosso do Sul em língua terena.

@4Outra apresentação que emocionou a comunidade foi a dança da ema, mais conhecida popularmente como a “dança de bate pau”, realizada em duas etapas. Primeiramente pelos alunos da escola e depois com os homens da comunidade.

O representante cultural da comunidade, Adolfo Loureiro, comentou sobre a origem da dança. “A dança é feita quando os guerreiros davam o primeiro passo à procura da caça, do encontro da pegada do animal. Quando ele encontra, grita chamando os companheiros para saírem em perseguição”, explicou.

Para a apresentação fotográfica, teatro e de outros trabalhos apresentados nas tendas, os alunos fizeram uma pesquisa junto com os professores da escola, dentro do tema escolhido, assistindo vídeos procurando em livros e periódicos.

A aluna Lidia Martins Victor que fez a apresentação teatral sobre a lenda da mandioca, conta como foi sua experiência. “Gostei do teatro porque é muito legal participar de alguma coisa que traz minha homenagem, porque sou índia e todos aqui também”.

@12A comunidade indígena Marçal de Souza sempre marca presença nas atividades desenvolvidas dentro do ambiente escolar, segundo a diretora Onilda Camargo. “Esse é um trabalho de conquista realizado durante anos e atrai a comunidade pelo trabalho e respeito que vem sendo feito durante longa data e toda essa parceria vem de comum acordo”, explicou.

O cacique da aldeia, Daniel da Silva, mencionou a importância do evento realizado para comemoração do Dia do Índio. “Estamos mostrando para a Campo Grande e Estado que a comunidade indígena está resistindo. Estávamos aos poucos perdendo nossa cultura, por isso é importante mostrá-la”, destacou.

Segundo o cacique, a aldeia tem mais de 20 anos de existência e a intenção de toda a comunidade é perpetuar a cultura dos povos indígenas e fortalecer a união entre a comunidade e as crianças. “Muitos dos homens que estão dançando já estudaram aqui e hoje são pais de alunos. Gostamos de unir e ser participativos juntos da escola”.

Escola indígena

A escola Sullivan Silvestre conta com 385 alunos e é referência em educação indígena na Reme. A maior parte é formada por descendentes de terena. Parte dos professores que lecionam na unidade também são descendentes indígenas da tribo local. O diferencial da escola está ainda no acréscimo de disciplinas de língua e cultura terena que são aplicadas para as crianças.

Além da sala de aula com matérias especificas, a alimentação também é direcionada de acordo com a cultura indígena, conforme preconiza o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar que orienta para o uso de alimentos que fazem parte de tradições culturais da região.