A secretária municipal de Educação, Elza Fernandes participou nesta sexta-feira (18), na Assembleia Legislativa, de audiência pública que discutiu questões relacionadas ao abuso sexual infantil, tema da campanha Maio Laranja.

A secretária Elza Fernandes aproveitou o momento para expor as ações que a Reme (Rede Municipal de Ensino) vem desenvolvendo com os profissionais no sentido de ajudar na percepção de alunos que possam apresentar alterações de comportamento em decorrência de algum problema, entre eles, o assédio sexual.

“É um tema de suma importância, por isso estamos atentos e buscando parceiros para realizar formações que possam preparar nossos profissionais e quem sabe, até buscando a prevenção de casos”, disse.

Entre as ações realizadas este semestre, a secretária frisou a 1ª Formação de Valorização da Vida”, ação inédita no município que teve como foco orientar os profissionais da Rede Municipal de Ensino no sentido de detectar sinais de depressão em jovens e crianças e assim agir para auxiliar o aluno a superar o problema.

O curso foi ministrado pelo capelão Edilson do Reis, teólogo, especialista em dependência química, pós-graduado em saúde mental e capitão do Corpo de Bombeiros de Campo Grande.

A secretária destacou que poucas pessoas têm o conhecimento sobre como manejar esse tipo de situação, e por isso, a Semed irá investir, já no segundo semestre, em nova capacitação envolvendo o tema. A ideia é que o educador seja o primeiro interventor e possa fazer os encaminhamentos necessários

“São temas interligados. A criança ou jovem que passa por abuso sexual tem seu comportamento alterado e pode desenvolver depressão, por isso a importância em identificar esses sintomas. Quando nos deparamos com esses casos na Rede ficamos muito preocupados. Tudo o que pudermos fazer para diminuir esse impacto vamos fazer, por isso estamos abertos às parcerias”, ressaltou.

A superintendente de Gestão e Normas da Semed, Alelis Izabel de Oliveira Gomes, que também participou da audiência, explicou que a secretaria de Educação também tem ajudado a denunciar casos de abuso sexual na Capital.

“Muitos casos denunciados que aparecem na mídia local são casos em que a Semed tem atuado em parceria com Conselhos Tutelares, Promotorias e Secretarias de Justiça. Atuamos intensamente nas escolas da Rede Municipal através da Superintendência, que conta com um núcleo de trabalho que realiza um atendimento especializado”, pontuou.

Alelis reforça que a maioria dos casos apresentados pela Semed às instituições parceiras é oriunda de situações relatadas pelas próprias crianças ou mesmo da percepção dos docentes quanto às reações dos alunos. Dentre as percepções estão o comportamento diferente, machucados ou outros sinais.

“Quando a criança apresenta sinais que evidenciam um suposto abuso, a unidade escolar entra em contato com os Conselhos Tutelares. Em alguns casos, os alunos apresentam comportamento de agressivos ou de auto-mutilação, que ocorrem porque a crianças está querendo dizer algo”, frisou.

O deputado Herculano Borges, que propôs a audiência, concorda com a secretária Elza Fernandes sobre a necessidade de identificar com rapidez os sintomas da depressão. “A cada dia percebemos mais casos de jovens se mutilando. O abuso é o gatilho para que ocorra esse tipo de agressão contra o próprio corpo”, alertou

A delegada de polícia Marília de Brito Martins destacou que a Polícia Civil vem investindo na especialização do atendimento às vítimas para evitar a subnotificação dos delitos, que acabam não chegando ás autoridades.

“A defesa da criança e do adolescente é de atribuição de todos. A família, estado e sociedade têm que estar afinados nessa defesa. Vemos um volume de trabalho grande no nosso dia a dia. Não precisamos ter vergonha dos números, eles estão ai para serem avaliados por isso a necessidade de uma união”, pontuou.

Parceiro da Semed através do Proerd (Programa de Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), o coronel Thonny Audry Lima Zerlotti mencionou que o suicídio e o abuso sexual ainda são temas polêmicos, mas que precisam ser abordados através de ações que valorizem o ser humano. Ele citou os 11 projetos desenvolvidos pela Polícia Militar, com foco nos jovens e crianças e que tem a missão de prevenir, inclusive, o suicídio.

“Há um estudo cientifico na UFMS que analisa a eficácia desses projetos e chegams a conclusão do quanto eles são necessários. Este ano, na Reme, o Proerd começou pela escola Brígida Ferraz e já tem sido um sucesso devido ao número de alunos participantes”, ressaltou.

O coronel ainda mencionou a necessidade de um trabalho preventivo entre todos os segmentos da sociedade, principalmente onde há vulnerabilidade social. “A dor do abuso é muito grande e vitimiza uma família, escola e toda uma comunidade, por isso temos que olhar para essas crianças com amor”, concluiu.

O evento contou com a participação do defensor público Eugênio Luiz Dameão, da juíza da Vara de Infância e Juventude e do Idoso de Campo Grande, Katy Braun do Prado, representante do Conselho Federal de Direitos Humanos, Delasnieve Dáspet e da delegada de polícia Marília de Brito Martins.