Pacientes que estão acamados e que necessitam de acompanhamento humanizado para garantir melhor qualidade de vida, condições de reabilitação e orientação aos cuidadores são atendidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), em funcionamento na Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande desde o ano passado.

A Atenção Domiciliar é indicada para pessoas que, estando em estabilidade clínica, necessitem de cuidado à saúde de maneira temporária, definitiva ou em grau de vulnerabilidade em que a atenção domiciliar é considerada mais oportuna para o tratamento.

Na Capital, são 14 pacientes das regiões do Prosa e Segredo que recebem as visitas da equipe formada por médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem e fisioterapeuta. Estes profissionais realizam os cuidados paliativos no tratamento de escaras de decúbito (feridas que aparecem na pele de pessoas que permanecem muito tempo na mesma posição), além de administrar medicações e outros atendimentos.

“Não só os pacientes precisam do acompanhamento, mas os familiares ou o cuidador, para as orientações necessárias no atendimento com o acamado, pois são eles que convivem com estas pessoas debilitas em razão de doenças que provocam essa condição de paralisia”, explica a coordenadora do SAD, Joice Lourenço da Silva.

No bairro Estrela Dalva II, o senhor Merchildes Luz (88 anos) sofre de Alzheimer e desde maio deste ano tem o acompanhamento da equipe do SAD. Várias vezes durante a semana, os profissionais visitam o paciente e a família, realizam curativos nas feridas, aplicam medicação e orientam.

Nerivan Motta Luz, filho do senhor Merchildes, ressalta a importância do atendimento domiciliar. “Desde que meu pai começou o acompanhamento, as escaras estão diminuindo e ele recuperou um pouco peso. Eles cuidam do meu pai como se ele fosse da família deles e isso é muito importante para nós”.

O diálogo entre os profissionais e os familiares é importante para estabelecer vínculos.
O diálogo entre os profissionais e os familiares é importante para estabelecer vínculos.

A interação entre a equipe e os familiares é um fator crucial para que o paciente tenha a atenção necessária. “Nós trabalhamos para estabelecer esse vínculo, porque precisamos que a família compreenda a importância da manutenção do cuidado com o paciente quando nós deixamos a casa”, pondera Joice.

Para evitar o surgimento de escaras e até mesmo tratar as que já existem, é preciso que seja feita a mudança frequente de decúbito, isto é, alterar a posição do corpo de 2 em 2 horas. Para que os familiares sigam a orientação à risca, cada paciente tem um cronograma com as posições que devem permanecer.

“Nós seguimos o que foi estabelecido, tanto é que as feridas estão diminuindo e isso é muito bom para a saúde dele”, explica Nerivan.

Assim que a equipe chega à residência já programada para atendimento, o primeiro contato é com o cuidador que informa como o paciente evoluiu deste a última visita. Estas informações balizam os procedimentos naquele momento.

“Essas indicações sobre o atual estado de saúde do paciente é importante. Assim, sabemos o que nos espera, bem como as condições já estabelecidas” explica Joice.

Além dos curativos, a equipe avalia os sinais vitais como a pressão arterial, batimentos cardíacos, respiração, glicemia e temperatura. Havendo necessidade, os profissionais podem acionar o serviço de urgência para transferir o paciente até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

A Atenção Domiciliar proporciona ao paciente um cuidado ligado diretamente aos aspectos referentes à estrutura familiar, à infraestrutura do domicílio e à estrutura oferecida pelos serviços para esse tipo de assistência. Dessa forma, evita-se hospitalizações desnecessárias e diminui o risco de infecções.

Os pacientes que necessitam do acompanhamento do SAD precisam passar por avaliação e atender os Critérios de Elegibilidade como: estar em área de atendimento de unidade básica de saúde da família (UBSF) e residir em uma das duas regiões de cobertura do serviço; ter um cuidador; e, condições clínicas que exijam a atenção domiciliar. Para solicitar o serviço, os familiares devem procurar a UBSF da região, que avaliará as condições daquele paciente.

O serviço oferecido pelo SAD difere do atendimento home care, quando o paciente demanda monitoramento ininterrupto (como aqueles que necessitam de ventilação mecânica), assistência contínua de enfermagem ou tratamento cirúrgico.

A Sesau já solicitou ao Ministério da Saúde o custeio para manutenção da equipe do SAD, mas atualmente os atendimentos são mantidos com recursos próprios do município. A Secretaria pretende expandir a Atenção Domiciliar às demais regiões da cidade, com a formação de novas equipes de profissionais.