Escrever postais e encaminhá-los via Correios perderam a força diante da velocidade da internet. Mas não é por isto que o costume deixou de ser um gesto apreciado, tanto para quem escreve, quanto para quem recebe.

A prova é a experiência agradável que alunos da Rede Municipal de Ensino tiveram ao escrever cartões postais convidando cientistas e pesquisadores a virem para Campo Grande participar da 71ª Reunião Anual da SBPC, que ocorrerá em julho, na Universidade Federal de Campo Grande.

postais3“Confeccionamos 5 mil postais com pontos turísticos de Campo Grande para promover nossa cidade lá fora. A Sectur, junto da Semed, SBPC e UFMS, desenvolve esse projeto maravilhoso envolvendo nossas crianças”, pontua a superintendente de Turismo da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Juliane Salvadori.

Em cada postal, para deixar o convite ainda mais atraente, além de pequenos textos, uma imagem diferente do que a Capital tem de mais belo, como a ave-símbolo da cidade a Arara-Canindé, o Ipê Amarelo, Ipê Rosa, Museu José Antônio Pereira e uma imagem aérea das largas avenidas.

“Eu disse no postal que Campo Grande tem praças e parques. Convidei ele para conhecer e pesquisa sobre nossa fauna e flora”, conta José dos Santos Neto, aluno da 6ª série da Escola Municipal Hércules Maymone.

A professora Sônia Maria Coelho foi quem orientou José. A docente conta que passou para a turma vários vídeos para que eles também conhecessem um pouco mais da história de Campo Grande.

“Fizemos debates e antes de os alunos escrevem no postal eles usaram o caderno, antes da transcrição” explica a professora da escola localizada no Bairro Nova Lima.

Originalidade e resgate

postais4Para os alunos do 7º ano da escola Domingos Gonçalves Gomes, localizada no Jardim Colonial, a oportunidade de escrever os postais representou uma forma de mergulhar nos costumes do passado e entender como a sociedade se comunicava.

O aluno Flávio Santacruz Gondim Júnior contou que nunca havia escrito cartas ou cartões postais e relata que só havia observado essa prática em filmes, mas afirma ter adorado a experiência.

“Pudemos resgatar um hábito do passado que eu só conhecia pela televisão”, disse. O Mercadão Municipal e o Parque das Nações Indígenas foram os escolhidos de Pedro Henrique, que também elogiou o recém-inaugurado monumento da Maria Fumaça, na Avenida Calógeras. “Adoro o Parque das Nações porque brinco com meu carrinho de rolemã lá”, revelou.

A professora de Língua Inglesa Gisele Alves da Silva, que desenvolveu o trabalho com os alunos neste colégio comenta que escolheu o 7º ano porque a turma já desenvolve um projeto de preservação do meio ambiente a partir da construção de vasos de plantas feitos de isopor para serem utilizados na horta da escola. A ideia da professora é inscrever o projeto na 71ª Reunião Anual da SBPC, por isso decidiu engajar os estudantes também na produção dos cartões postais.

postais5“Os cartões deram a oportunidade de trabalhar a questão da Língua Portuguesa, onde eles aprenderam o estilo do texto que utilizamos em correspondências desse formato, sem falar na abordagem da Cultura e Geografia local, tudo de forma interdisciplinar”, disse a professora.

A técnica da Gerência do Ensino Fundamental e Médio da Secretaria Municipal de Educação, Analice Talgati, ressalta a opinião da professora e vai além.

“Pelo fato de estarmos em um mundo totalmente tecnológico, onde não exercitamos quase a nossa escrita, a produção dos postais deixa o convite mais pessoal, já que os alunos estão eles mesmos, escrevendo para os pesquisadores que irão nos visitar”, disse.

Os 5 mil postais serão entregues à Universidade Federal pela Semed no próximo dia 28 de março. O ato está marcado para ocorrer às 15h30, na reitoria da universidade.