Em comemoração ao “Dia Nacional da Visibilidade Trans” e com o objetivo de mostrar os ganhos, mas sem deixar de lembrar os retrocessos à população, entidades que representam travestis e transsexuais na Capital, em parceria com a Prefeitura, realizaram ação de conscientização na manhã desta terça-feira (29), no canteiro da Avenida Afonso Pena, com a Treze de Maio, região central de Campo Grande.

Foram entregues panfletos com informações pertinentes ao tema, buscando dar visibilidade às pessoas travestis, transexuais, mulheres e homens trans; grupos que ainda vivem em situação de vulnerabilidade e exclusão social devido à Transfobia (série de atitudes ou sentimentos ou ações negativas em relação às pessoas travestis, transexuais e transgêneros), que geralmente culmina em violência verbal, psicológica, sexual, física e até mesmo homicídio.

De acordo com a organizadora da ação, a coordenadora municipal de Políticas Públicas para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros (LGBT), Cris Stefanny, o objetivo foi frisar as conquistas realizadas pelo público trans no campo político e jurídico. “Nós tivemos avanços em relação a troca de gênero e nome no Registro Civil através do Supremo Tribunal Federal, ganhando, por exemplo, a união estável que se tornou casamento igualitário”, destaca.

A coordenadora ainda apontou que não se pode esquecer que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTs e que esse número só está aumentando. “A cada 100 casos de pessoas LGBTs assassinadas, mais de 52% são de pessoas travestis e transsexuais. Se comparado o número de pessoas trans que existe no país, chegam a 100 mil, com o número de gays que é muito maior, os gays representam de 10 a 15% da população, a categoria que mais sofre violência em decorrência da orientação sexual e identidade de gênero é a de trans e travestis”, disse.

A missão da Subsecretaria Municipal de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU) é buscar pela dignidade de todos os grupos populacionais, fazendo necessário um processo que possibilite cenários mais igualitários, em especial para os grupos mais vulneráveis na sociedade. Mesmo com todos os avanços, combater a discriminação e o preconceito sempre será uma de nossas missões principais”, afirma o subsecretário, Wellington Kester.

Em conjunto com a ação de conscientização, ainda na noite desta terça, às 19h,  haverá uma premiação em comemoração a visibilidade trans, organizada por uma instituição LGBT da Capital que irá premiar pessoas trans que contribuíram para a causa da categoria. O evento vai acontecer no Museu de Imagem e Som de Campo Grande (MIS), localizada na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559 – 3º Andar.

Dados da violência

De acordo com a ONG Transgender Europe (TGEu), o Brasil é o país que mais mata pessoas travestis e transexuais no mundo. Em pesquisa divulgada pelo Grupo Gay da Bahia, o número de assassinatos desta população no Brasil no último ano aumentou em 6% se comparado com outros anos anteriores, sendo que as transexuais e travestis negras foram maioria (38%) entre as mortes de LGBTIs no país em 2017 e 2018.